Lula quer mobilizar intelectuais da América Latina

Lula voltou à ativa. Com inquietação e desassombro. Está empenhado em formar a matriz intelectual da política de integração latino-americana. O assunto ocupou 3 horas de conversa entre o petista e o presidente do Uruguai, José Mujica, ontem em SP. Estava presente também ex-secretário geral da Presidência, Luiz Dulci, coordenador para Assuntos da América Latina do Instituto Cidadania. “Estamos empenhados em formar um grupo de intelectuais e pensadores para dar corpo a uma doutrina de integração”, disse Mujica.

O tema sempre pulsou nas preocupações de Lula. Ainda no governo, na reunião da Unctad,em junho de 2004, em São Paulo, ele oficializou a idéia, apresentada ao amigo Celso Furtado, pouco antes de sua morte, da criação de um Centro Internacional Celso Furtado de Políticas para o Desenvolvimento. Lula disse então na Unctad:

“…Quero propor aqui, a criação de um centro internacional de políticas para o financiamento do desenvolvimento, com o nome de Celso Furtado. Cada ciclo histórico tem sua usina intelectual de referência estratégica. Desejamos que seja criado um centro irradiador de projetos e políticas inovadoras no combate à fome, à pobreza e aos gargalos do desenvolvimento. Meu governo está disposto a prestar todo o apoio para construir uma fundação internacional de estudos e pesquisas com esses propósitos”.

Em 2005, já criado o Centro Celso Furtado, Lula voltaria ao tema.Em carta endereçada à diretoria – composta então, entre outros, por Luiz Gonzaga Belluzzo, Maria da Conceição Tavares e Rosa Freire D´Aguiar Furtado – pede um esforço de articulação de intelectuais latino-americanos para pensar os desafios da integração:

“Nenhum projeto dessa envergadura logra êxito sem mobilizar núcleos de reflexão que harmonizem as aspirações de uma época com os recursos ao seu alcance. Conto com a contribuição do Centro Celso Furtado para arregimentar as energias intelectuais da América do Sul que permitirão fazer avançar, neste momento promissor…, um grande programa de desenvolvimento para o século XXI, capaz de superar a indigência intelectual das últimas décadas, reatar com a tradição teórico-política da qual Furtado foi a expressão maior e lançar as bases de um novo pensamento econômico para a região”.

Em 2008, o Centro Celso Furtado finalizou um ambicioso projeto de pesquisa sobre a integração regional. Coordenado pelo economista Ricardo Carneiro, o trabalho mobilizou intelectuais de vários países na discussão de grandes eixos e gargalos do desenvolvimento regional. Clique aqui e conheça.

Da Carta Maior (Blog das Frases, por Saul Leblon)