Garra da militância fará a diferença no segundo turno
Sérgio Nobre, presidente do Sindicato, faz um balanço das eleições e chama a militância para botar o bloco na rua no segundo turno
Em sua opinião, quais fatores motivaram o segundo turno das eleições, uma vez que as pesquisas indicavam vitória de Dilma já no domingo?
Ela foi vítima de uma campanha perversa, com calúnias e mentiras. Dilma foi vítima do mesmo ódio e preconceito que Lula sofreu em todas as eleições em que concorreu. Todo mundo lembra frases como a que 700 mil empresários deixariam o Brasil se Lula fosse eleito, que igrejas seriam fechadas ou que famílias teriam que dividir suas casas com sem-tetos.
Mas o eleitorado não está vacinado contra esse tipo de ataque?
Há um amadurecimento, porém esse preconceito e essas mentiras criam um ambiente de insegurança como agora. Quem calunia vai a níveis muito baixos, como mentir sobre a fé de Dilma, questionar seu posicionamento sobre o aborto, quando ela cansou de afirmar que não apóia, ou a falsa história de que sua entrada é proibida nos Estados Unidos. Sobre seu vice, Michel Temer, pesou a calúnia de que é homem satânico, seja lá o que isso for. São mentiras que repetidas muitas vezes fazem pessoas menos informadas acreditarem, quando tudo vem do inimigo.
Qual deve ser a estratégia da militância para o segundo turno?
Mostrar que estão em jogo dois projetos completamente diferentes. Basta comparar o governo deles com o nosso para ver que o programa do PSDB não se sustenta. Vamos colocar o bloco na rua para mostrar essa diferença, confirmar o voto da maioria em nossa candidata e virar o voto de quem está indeciso.
Mas até agora a coligação PSDB-DEM não escondeu seu projeto, sua origem?
Temos obrigação de esclarecer isso nas próximas semanas. Mostrar que o DNA de Serra é o mesmo de FHC, o presidente que arrochou os salários, tentou tirar direitos, privatizar a Previdência, vendeu empresas estatais e por pouco não desindustrializa o Brasil. O desempenho da economia e as taxas de desemprego entre 1995 a 1998 estão entre as maiores da história do Brasil. A própria existência da indústria automobilística no ABC foi ameaçada no governo PSDB-DEM. A Ford foi para a Bahia e a GM para o Rio Grande do Sul. Se essa fuga não fosse barrada, hoje a região seria um deserto industrial. Vale lembrar que Serra escondeu a venda do patrimônio público em sua campanha, mas fez igualzinho ao FHC em São Paulo. E FHC até hoje é lembrado pela sucessão de escândalos engavetados, pelo super endividamento do Brasil, pela submissão aos Estados Unidos, pela corrupção em episódios como a compra da reeleição, do Proer de ajuda aos bancos, da privatização das elétricas e da telefonia, enfim, uma lista enorme. Desafio a me apontarem uma só ação deles que tenha melhorado a vida do povo, que tenha se tornado política de Estado.
Serra falou muito do salário mínimo, de aumentar a aposentadoria e muitos acreditaram…
Serra foi ministro do Planejamento de FHC e não se preocupou com aposentados e muito menos com quem ganhava salário mínimo. Esses segmentos nunca tiveram um aumento real naquele governo. Agora ele mente, dizendo que dará reajuste aos aposentados e para o salário mínimo. Mas o projeto PSDB-DEM é um projeto anti-trabalhador. Basta ver que em 16 anos de governo em São Paulo eles nunca negociaram com os professores, os profissionais da saúde, os policiais etc. O projeto deles é tão anti-trabalhador que, assim que fechamos nossos acordos de campanha salarial seus seguidores na grande imprensa afirmaram que aumento de salário gera inflação. É tão anti-trabalhador que em sua primeira demanda trabalhista, a greve dos petroleiros, em 1995, FHC colocou o Exército nas refinarias. Foi o mesmo governo que patrocinou o projeto para flexibilizar a CLT. Um dos primeiros atos de Lula foi engavetar esse projeto ainda no início de 2003.
Depois de 20 anos, a categoria elegeu um deputado estadual…
Quero agradecer à categoria pela eleição do companheiro Grana e a reeleição do Vicentinho. Temos muitos projetos que precisam se tornar lei e os metalúrgicos reconhecem a importância de serem representados no legislativo.
Da Redação (Foto: Rossana Lana / SMABC)