Propaganda eleitoral: A última chance de Serra tentar superar Dilma

De acordo com pesquisas, a televisão ainda é o principal meio de comunicação utilizado pelos brasileiros para se informar sobre a disputa presidencial

A propaganda eleitoral no rádio e na tevê, que começou hoje (17) e se estenderá até o dia 30 de setembro, é considerada por especialistas como a única chance que o tucano Serra tem de reverter um quadro que lhe é, a cada dia, mais desfavorável em relação à candidatura da Dilma (PT).

De acordo com pesquisas, a televisão ainda é o principal meio de comunicação utilizado pelos brasileiros para se informar sobre a disputa presidencial, com 65% da preferência. Os jornais aparecem em segundo lugar, com 12%, e a internet e o rádio em terceiro com 7% cada.

Em queda nas pesquisas, o tucano terá de se equilibrar entre desconstruir a candidata petista e, ao mesmo tempo, não fazer ataques diretos à adversária e ao governo Lula, que tem batido sucessivos recordes de popularidade

Serra está num dilema. Quanto mais ele critica Dilma e o PT, mais faz a petista conhecida do eleitorado, que pretende votar no candidato apoiado pelo presidente da República.

Não parece haver alternativa para o tucano, a não ser utilizar a tevê para tentar convencer o eleitorado de que é mais competente do que a petista no papel de continuador dos anos Lula.

Não vai ser fácil, mesmo porque Dilma leva vantagem em termos de tempo. Ela tem mais de dez minutos em cada bloco, contra cerca de sete minutos do tucano e pouco mais de um minuto de Marina Silva (PV).

Audiência é alta
A audiência da propaganda eleitoral é tão alta quanto à do Jornal Nacional da Globo, em torno de 30% dos televisores ligados, mas com uma audiência conhecida por “sino”, que começa alta, é baixa no meio e alta novamente no final, quando os espectadores que desligaram o aparelho o ligam novamente para assistir ao próximo programa. Isso significa que quem abre o horário eleitoral e quem fecha leva vantagem sobre os demais.

É um valor da democracia ocidental
O horário eleitoral é o que mais se aproxima, aqui no Brasil, de um direito nas democracias ocidentais que é o “direito de antena”, praticado em países como Alemanha, França, Espanha, Portugal e Holanda. Na verdade, trata-se de uma forma de democratizar o acesso aos meios de comunicação de massa.

O início do horário eleitoral no rádio e na televisão leva à população informação política sobre todos os candidatos que disputam mandatos, fundamental ao processo democrático.

Propaganda vai custar pelo menos R$ 851 milhões
A contrário do que sugere o nome, a propaganda gratuita não é gratuita, já que a legislação prevê a compensação fiscal para as emissoras de rádio e televisão pelas perdas na veiculação de publicidade de anunciantes.

A Receita Federal, na verdade, “compra” o horário das emissoras, permitindo que deduzam do imposto de renda 80% do que receberiam caso o período destinado ao horário político fosse comercializado.

Neste ano, os custos dessa compensação fiscal chegarão a R$ 851 milhões, sem incluir o ressarcimento para as empresas que trabalham dentro do Super Simples e passaram a ter direito ao benefício fiscal após a minirreforma eleitoral do ano passado..

Os recursos são maiores do que a isenção prevista para o ProUni, de R$ 625 milhões, e suficientes para pagar um mês de salário mínimo a 1,5 milhão de pessoas

Se o custo fosse repassado à população, cada brasileiro pagaria R$ 4,44 para receber informações sobre os candidatos e os partidos políticos.

Dois blocos diários
A propaganda eleitoral no rádio e na televisão tem dois blocos diários com os candidatos aos cargos de presidente, governador, senador, deputado federal e estadual.

Na tevê, os blocos são 13h às 13h50 e das 20h30 às 21h20. Nas rádios, os blocos são das 7h às 7h50 e das 12h às 12h50.

A propaganda estará em todos os canais de televisão aberta, além dos canais a cabo utilizados pelo Senado, Câmara dos Deputados, Assembleias Legislativas e Câmaras Municipais e também nas emissoras de rádio. No total serão cerca de 63 horas em cada veículo.