Observatório Brasileiro de Mídia analisa cobertura da imprensa nas eleições

Será que há favorecimento para algum candidato nos jornais e revistas? Confira como alguns dos veículos de comunicação utilizam o espaço para a cobertura das eleições presidenciais deste ano

Segundo análise divulgada pelo Observartório, no dia 11 de julho os dois jornais paulistanos (Folha e Estadão) publicaram 23 textos que trataram das eleições presidenciais. Sendo que a Folha de São Paulo publicou 9 textos (39,1%) e O Estado de S.Paulo, 14 (60,9%).

Foram observadas oito reportagens (34,8%), sete notas (30,4%), quatro colunas (17,4%), dois artigos (8,7%), uma entrevista (4,3%) e um texto de análise (4,3%).

No primeiro domingo do calendário eleitoral, a Folha publicou quatro (4) textos que trataram das simultâneamente das candidaturas de Dilma e Serra, três (3) sobre a candidatura Dilma e dois (2) sobre a campanha do tucano. O Estado de S.Paulo Publicou seis (6) textos sobre cada uma das candidaturas e dois (2) que trataram dos candidatos conjuntamente.

O tema que teve maior destaque nos dois jornais observados foi sobre os Programas de Governo dos dois candidatos, nove (9) textos (39,1%). O Estado de São Paulo dedicou seis (6) ao tema. Em três fez fortes críticas ao fato de a candidata Dilma ter apresentado um programa de governo e depois ter substituído. A troca foi considerada uma artimanha da candidatura petista para esconder o radicalismo do PT, a quem a candidata estaria subordinada em eventual governo. A desculpa apresentada para a troca do documento foi apresentada como não verossímil. O Programa apresentado pela petista foi também criticado pelo conteúdo, ainda que o próprio texto tenha sido considerado improvisado e que refletia um conjunto de desejos e promessas repetidas nas campanhas de 2002 e 2006.

A candidatura de José Serra teve duas reportagens que trataram de suas propostas. Um dos textos apresentou a proposta de reforma tributária do Serra como a mais adequada à realidade do país. Em outra reportagem, foi dado destaque a promessa do tucano de ampliar o Bolsa Família.

O Estado S.Paulo publicou um texto que tratou dos programas de governo das duas candidaturas de maneira conjunta. A candidata petista foi criticada pela troca dos textos e o tucano por apresentar compilação de dois discursos. Esses fatos revelariam a indisposição dos candidatos a se expor e a crença de que o marketing dará conta de suas eleições.

A Folha de São Paulo tratou dos programas de governo das duas candidaturas de forma conjunta em três textos nos quais chamou atenção para o fato de que os programas das duas candidaturas não são claros e que foram apresentados no âmbito das estratégias de campanhas das duas candidaturas, inclusive de não se expor em relação a temas pouco populares. Os candidatos estão sendo superficiais ou evitando temas espinhosos.

Folha de São Paulo
A FSP noticiou a candidatura petista com viés desfavorável. A campanha da candidata petista foi noticiada por conta do apoio do Presidente Lula e da aliança com grupos do PT.

O apoio do Presidente foi noticiado como única motivação da candidatura Dilma, sobretudo devido a sua inexperiência. Dois outros textos fizeram especulações sobre divisões de cargos em futuro governo da candidata. Argumento central é que a tendência petista CNB estaria em postos chave da campanha e depois cobrará fatura. Exceção feita a José Eduardo Cardoso que não é da CNB, mas está próximo a candidata e é candidato a ministro.

O candidato tucano contou com noticiário de viés favorável. Os textos que trataram de sua candidatura noticiaram o início da campanha tucana no Nordeste e a acusação do tucano de que sua adversária mandou espioná-lo; e da promessa do candidato de ampliar o bolsa família, rebatizado na reportagem como “Bolsa Família 2.0”.

O Estado de S. Paulo
O OESP noticiou a candidatura Dilma com viés desfavorável. O apoio de Lula e o programa de governo da candidata foram os temas que mereceram destaque no noticiário do diário. O apoio do presidente foi apresentado como o fator que impulsionou a candidata “saída do nada”. O programa foi criticado devido ao fato de ter sido trocado de modo a esconder o radicalismo do PT e grupos como o MST que estaríam apoiando a candidata agora e terão ascendência sobre eventual governo Dilma.

Sobre a candidatura Serra os temas que mereceram maior destaque foram a estratégia de campanha tucana e o programa de governo. O comando de campanha tucano estaria pensando em preparar ida de Serra ao exterior para que possa se apresentar como político bem relacionado com lideranças internacionais. Sobre o programa de governo, teve repercussão a proposta de Serra em dobrar o bolsa família e sua proposta de reforma tributária foi apresentada como a mais adequada ao país.

Veja
A revista Veja publicou 9 textos na edição 2173 que trataram das candidaturas Dilma ou Serra. Sete (7) textos trataram da candidatura Dilma e dois (2) das duas candidaturas conjuntamente.

Foram observadas quatro (4) colunas coluna de notas, um (1) editorial, uma nota interna e três (3) reportagens.

Na revista semanal, o tema de maior destaque foi o Programa de Governo apresentado pela candidatura petista com 44,4% do total de textos que tratou das eleições. A troca da proposta de programa de governo foi tratada como uma manobra para encobrir o radicalismo petista. A atitude da petista foi considerada leviana e mentirosa. O programa sofreu pesadas críticas devido as críticas que faz aos meios de comunicação.

Com CNM/CUT