Será mesmo possível falar mal da Petrobras?

Nenhuma outra empresa não financeira e de capital aberto superou a Petrobras em lucro líquido (US$ 3,963 bilhões) no segundo trimestre deste ano. Seja aqui, na América Latina ou nos Estados Unidos.

Se incluirmos os bancos nesse ranking, a estatal brasileira fica atrás apenas do Citigroup (US$ 4,279 bilhões). A constatação não representa arroubo nacionalista ou qualquer postura do gênero. Nada disso. A responsabilidade dessa afirmação é da Economática, uma renomada consultoria.

Outra pesquisa, esta realizada entre janeiro e março pelo Reputation Institute, de Nova York, garante que a Petrobras é a quarta empresa mais respeitada do mundo. Era a vigésima até o ano passado. Se posicioná-la entre as companhias do setor de energia, ninguém é páreo para a estatal brasileira, que deixou para trás, na lista elaborada pelo instituto americano, Fedex, Google, Microsoft, Honda, Philips, General Electric, Walt Disney…

A marca Petrobras está sempre na moda. Para o bem ou para o mal. Apesar de números e pesquisas de mercado que a apontam como a diva entre as empresas, insistem em denegri-la. Cobram da marca o que deveriam cobrar apenas de alguns (pouquíssimos, por sinal) que andaram (ou andam) fora da linha em alguns setores da companhia. Não que as investigações devam cessar e os culpados por falcatruas – comprovadas as denúncias – sejam devidamente condenados pela Justiça. Por tudo que a estatal representa para o Brasil, creio, porém, que o ataque à marca é injusto, para não dizer oportunista.

Desde os tempos do regime militar, repousa sobre a Petrobras uma aura de caixa-preta por conta do sigilo de suas operações, uma postura obviamente estratégica em um mercado fundamental na vida de todos. Durante aquele período, presenciávamos uma grave crise mundial de fornecimento de petróleo. Não era para menos a postura dos ressabiados generais.

Com o governo anterior, nos anos de 1990, a estatal não primava pela transparência porque se preparava para ser privatizada. Até mesmo o nome da empresa queriam mudar. Desejavam torná-la “atraente” para os possíveis compradores ao chamá-la por Petrobrax, desvinculando seu nome histórico do seu atributo principal, a de ser uma empresa que pertence ao Brasil.

Hoje, aqueles que desejaram a privatização da Petrobras aderiram à proposta de Emenda Constitucional 370, que acrescenta um quinto parágrafo ao artigo 177 da Constituição: “A empresa estatal de petróleo brasileiro, Petrobras, cujas atividades econômicas se relacionam ao disposto no presente artigo, terá o controle exclusivo da União, sendo vedada alienação que implique na perda do mesmo”.

Não há dúvidas de que o petróleo é e deve permanecer nosso. A máxima é irrevogável. De 2002 a 2009, a Petrobras cresceu para valer.

Em 2002, o valor de mercado da estatal era de US$ 16 bilhões. Em 2008, chegou a US$ 344 bilhões, com lucro líquido de US$ 33 bilhões. Há seis anos, o lucro era de US$ 8 bilhões. Até dezembro de 2009, a Petrobras investirá US$ 53 bilhões. Em 2002, sua capacidade de investimento foi de US$ 6 bilhões.

Neste ano, multiplicam-se os números positivos da Petrobras. Vejam o lucro líquido registrado no primeiro semestre: R$ 13,55 bilhões. Um resultado acima das previsões do mercado, que apontavam, em média, R$ 6 bilhões de lucro no semestre. É neste período que a petrolífera brasileira se consolidou na oitava posição do ranking das maiores empresas globais por valor de mercado, como enfatiza estudo realizado pela Ernst & Young. De US$ 95,9 bilhões, o valor de mercado da Petrobras passou para US$ 164,8 bilhões. De 37ª no ranking das maiores empresas globais, ostenta hoje a oitava posição.

Nos mercado financeiro americano, as ADRs da Petrobras, negociadas na Bolsa de Nova York, registraram uma valorização no primeiro semestre de, aproximadamente, 67% e 64% para os recibos PBR (ações ordinárias) e PBRA (ações preferenciais), respectivamente.

Será mesmo possível falar mal de uma empresa com desenvoltura tão expressiva? Só se quem fala mal estiver trabalhando para as empresas concorrentes.

Artigo de Eduardo Cunha, deputado federal (PMDB-RJ)