Marinho se apresenta como liderança regional
Para o petista eleito à Prefeitura de de São Bernardo, a união entre os sete prefeitos é condição imprescindível para resolver problemas comuns a todas as cidades da região do ABC
Todos os discursos proferidos depois de confirmada a vitória e a volta do PT ao Paço de São Bernardo não deixam dúvidas: Luiz Marinho será um prefeito que buscará liderar o processo de unificação regional em prol das demandas que extrapolam as fronteiras dos sete municípios.
Pelo menos na teoria, o “tom” do petista faz lembrar a luta idealizada pelo ex-prefeito de Santo André Celso Daniel, um dos fundadores do Consórcio Intermunicipal Grande ABC e um dos maestros do fortalecimento de uma pauta única para as reivindicações regional.
“Este é um tema decisivo para nossa região. O que eu espero é que nós possamos fazer um bom debate regional sobre as nossas demandas, incluindo também a região metropolitana e o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM)”, afirma Luiz Marinho.
O prefeito de São Bernardo, a partir de 1º de janeiro de 2009, destaca também que a união dos prefeitos é imprescindível para um diálogo freqüente com os governos superiores. “Temos que articular, em conjunto, com os governos do Estado e Federal, em especial, nas questões do trânsito. Precisamos de um plano ousado de investimento no metrô e no trem para resolvermos esse problema”, aponta. “Sem isso, tomaremos apenas medidas paliativas”, observa.
Mesmo antes de assentar-se à cadeira majoritária, o petista já inicia as articulações em prol da “união dos sete”. Marinho contará com a ajuda do seu vice, o deputado federal Frank Aguiar (PTB) para atrair os comandantes municipais do PTB. “É evidente que o fato de eles serem do partido do meu vice é um facilitador, portanto, ele [Frank] já está eleito embaixador para este processo de costura”, afirmou ao referir-se a proximidade entre o vice e os prefeitos Aidan Ravin (Santo André) e José Auricchio Júnior (São Caetano), também integrantes do PTB.
Nesta articulação, em um simples cálculo matemático, o desenho de uma região unificada politicamente começa a se esboçar. Com os três petistas eleitos – Luiz Marinho (São Bernardo), Mário Reali (Diadema) e Oswaldo Dias (Mauá) – e mais a possível adesão dos dois petebistas ao grupo, já seriam cinco dos sete mandatários da região, integrantes da orquestra capitaneada por Marinho. Isso sem contar que o prefeito de Ribeirão Pires Clóvis Volpi (PV) – apesar de pertencer aos aliados de William Dib – poderia também endossar o time por pertencer a uma legenda que compõe a bse de sustentação do presidente Lula.
Neste quadro imaginário, o único que poderia se opor partidariamente seria o correligionário do governador José Serra, o prefeito de Rio Grande da Serra, Adler Kiko Teixeira (PSDB).
Transição – Paralelamente e mais importante – pelo menos agora – são as amarras dentro da municipalidade. Neste sentido, Luiz Marinho prefere não adiantar quem serão os formadores do primeiro escalão em seu mandato. “Nós ainda não fizemos essa discussão de qual é o papel dos aliados e qual é o papel do Frank (Aguiar, vice). Nós acabamos de sair das urnas e estamos felizes por isso. Nós vamos assumir a partir de janeiro. Portanto, nós temos um período para fazermos este debate e formar o governo”, explica.
No entanto, o petista faz questão de frisar que, assim que passar o rescaldo eleitoral, irá procurar o atual gestor William Dib (PSB) para averiguar a possibilidade de estabelecer um diálogo de transição. “Nós vamos buscar dialogar com o atual prefeito, mas ainda não o fizemos. Acabamos de sair da eleição, vamos ter que repor as baterias, permitir que eles também o façam. Vamos esperar alguns dias para fazer este contato que talvez seja interessante para eventuais rusgas das disputas se amainarem e assim olhar para a cidade e esquecer a disputa eleitoral que para nós já acabou”, expõe. “Vamos entrar em uma nova fase, a qual, se houver disposição da gestão do prefeito William Dib, nós podemos e vamos ter interesse em iniciar um processo de discussão para cuidar da transição para que a cidade ganhe”, completa.
No que tange à governabilidade em relação ao Legislativo, o prefeito eleito, apesar de não ter – ainda – maioria, não interpreta o fato como uma preocupação. Indagado sobre o assunto, Marinho é taxativo. “Este é um diálogo que se faz fora da imprensa se quisermos ter êxito. No momento que ocorrer alguma definição neste aspecto eu comunicarei”, ressalta, afirmando que vai procurar os vereadores eleitos e que atualmente integram a base de sustentação de Dib.
Periferia – Assim como no período de campanha, Luiz Marinho mantém no discurso de prioridade o investimento na periferia. “Sabemos da necessidade da inversão de prioridades com atenção especial para a periferia e para a saúde”, diz sem, entretanto, esquecer dos outros pontos da cidade. “Defendemos uma mensagem razoavelmente simples, a mensagem de mudança. Existe esse sentimento na cidade e foi esse sentimento que nós sustentamos para conduzir a cidade nos próximos quatro anos. Vamos governar para todos os segmentos”, pondera.
Entre as prioridades estão: acabar com os alojamentos, construir um hospital geral, implantar o bilhete único, ampliar o número de vagas nas creches e, principalmente, segundo ele, estabelecer uma gestão participativa e democrática em São Bernardo.
Do ABC Repórter