Oposição perdeu a eleição, afirma presidente
Lula afirmou que os partidos oposicionistas PSDB, PPS e DEM foram os grandes perdedores porque o povo brasileiro "mostrou que sabia o que queria:manter as obras que estão em andamento em cada cidade"
O presidente Lula afirmou, em entrevista exclusiva ao blog Balaio do Kotscho, assinado pelo jornalista Ricardo Kotscho, falou sobre o resultado das eleições municipais e sobre a crise financeira mundial. O presidente afirmou que os partidos de oposição como o DEM, PSDB e PPS foram os grandes perdedores das eleições, pois o povo brasileiro “mostrou que sabia o que queria, manter as obras que estão em andamento em cada cidade.
Sobre a crise mundial, Lula reafirmou a necessidade de se regular o mercado financeiro mundial porque ninguém “pode brincar com a economia, a ponto de causar prejuízos para todas as pessoas do mundo, sem produzir nada, apenas com especulação”.
Confira a íntegra da entrevista com o presidente Lula:
Está todo mundo hoje fazendo contas e análises sobre quem ganhou as eleições municipais. Para o Presidente da República, qual foi o resultado mais importante?
Quem ganhou estas eleições foi o processo democrático brasileiro. Foi mais uma eleição que transcorreu da forma mais tranquila possível. E foi uma eleição atípica porque todos os candidatos, do DEM ao PT, defenderam as parcerias com o governo federal. Como o povo está satisfeito, ganharam todos os prefeitos de capitais que disputaram a reeleição, menos o Serafim Corrêa, em Manaus. O povo mostrou que sabia o que queria. Quer manter as obras que estão em andamento em cada cidade.
Mas, do ponto de vista dos partidos, quem cresceu e quem perdeu votos nestas eleições?
Três partidos perderam: DEM, PSDB e PPS. Os três partidos da oposição foram os que perderam mais prefeituras. E os partidos da base do governo todos eles cresceram: PT, PMDB, PSB, PCdoB, PP, PTB, todos.
Em número de votos e de prefeitos o grande vencedor foi o PMDB, que agora está sendo apontado como o fiel da balança para a sucessão presidencial em 2010.
Ainda é muito cedo para tirarmos conclusões sobre os resultados de domingo. Eu não trabalho assim com esta antecedência porque em política as coisas não funcionam automaticamente, uma eleição definindo a próxima. Eu me lembro do Mário Covas que teve uma grande votação para senador em São Paulo e foi apontado como futuro presidente da República, mas ficou em quarto lugar, em 1989. Quando o Quércia fez do Fleury seu sucessor em São Paulo, também saiu em capa de revista como futuro presidente, mas teve só 5% dos votos, em 1994. Não dá para fazer uma ligação robotizada entre 2008 e 2010. É incorrer num grande erro. Cada eleição tem sua própria história, seus próprios candidatos, uma é diferente da outra. É como no futebol. Eleição presidencial é um clássico, e clássico não tem favorito.
Vamos mudar de assunto, presidente. A eleição já passou e agora todo mundo quer saber como ficará sua vida diante desta crise econômica globalizada. O que vai acontecer com o mundo? O que vai acontecer com o Brasil?
Com o mundo, eu não sei o que vai acontecer. A única coisa certa é que vamos ter esta importante reunião em Washington no dia 15 de novembro em que deverão ser tomadas medidas para controlar o sistema financeiro internacional. Temos que fazer a regulação porque ninguém pode brincar com a economia, a ponto de causar prejuízos para todas as pessoas do mundo, sem produzir nada, apenas com especulação.
E como fica o Brasil nesta história?
Teoricamente, esta crise pode causar problemas ao Brasil, mas numa escala bem menor do que em outros países. No Brasil, temos um sistema financeiro mais sólido, não envolvido no sub-prime. Temos um mercado interno ascendente, com muitas obras financiadas pelo governo federal e por grandes empresas, como a Vale do Rio Doce e a Petrobras, que não vão diminuir seus investimentos. Temos uma exportação hoje muito diversificada, não dependendo apenas de um ou dois países. Agora, sabemos que está faltando crédito no mundo. Não há mais confiança entre os bancos, sequer para funcionar o interbancário (empréstimos de um banco a outro). Mas também neste aspecto o nosso governo, com suas reservas e o compulsório, com bancos públicos bastante sólidos, pode ajudar a combater os efeitos da crise. A Caixa, o Banco do Brasil e o BNDES vão cuidar de irrigar de crédito a economia.
O que você diria para um cidadão brasileiro que te perguntasse se deve fazer um investimento ou esperar um pouco?
Falaria para ele investir. Outro dia, um sobrinho meu, o Rogério, que é caminhoneiro, veio me fazer esta pergunta. Ele estava na dúvida se deveria comprar um caminhão novo. Falei para ele: compra o caminhão.
Mas nem todo mundo pensa assim. Alguns políticos e analistas econômicos já estão anunciando que a crise do fim do mundo está chegando por aqui e vai influir em 2010 .
Lamentavelmente, temos um grupo de pessoas no país que está pedindo a Deus para que a crise chegue logo ao Brasil para desgastar o governo. O que é uma imbecilidade, porque o Brasil não merece ser prejudicado. Nós fizemos as coisas certas e não temos que pagar pelos erros dos outros.
Para terminar a nossa conversa, presidente: o que você gostaria de ganhar de presente de aniversário?
Já ganhei no sábado. O meu Coringão voltou pra primeira divisão.
Balaio do Kotscho (www.ig.com.br)