Ditadura: no ABCD, empresas são cobradas por colaboração

 

Luciano Vicioni

A sessão solene pelo aniversário da Lei de Anistia, realizada no Teatro Cacilda Becker, na noite desta quinta-feira (25/08), foi marcada por um consenso: o direito à verdade, memória, justiça e reparação sobre a responsabilidade dos crimes cometidos pela ditadura militar devem ser apurados, sejam cometidos pelo estado, sejam por empresas. Como noticiado pelo ABCD MAIOR, perseguidos pela repressão denunciaram que empresas do ABCD colaboraram com os militares durante o ditadura.

“Doa a quem doer, vamos checar o que aconteceu sob todos os aspectos. Somente com a Comissão da Verdade é que saberemos os verdadeiros responsáveis”, explicou o vereador José Ferreira (PT), que presidiu a sessão e foi autor do projeto que instituiu o evento.

Já o jornalista e ex-preso político Alípio Freire, garantiu que a única forma de conhecer os responsáveis é com a pressão da sociedade. “É preciso uma contrapressão da sociedade. Já que a direita faz a pressão pelo esquecimento. E a participação dos empresários não foi pouca. Afinal, a ditadura foi civil-militar”, afirma Freire.

Apoio
Augusto Portugal, que trabalhou na Scania e foi um dos organizadores da greve de maio de 1978, denuncia: “Sabemos que várias empresas participavam. O fato mais objetivo que eu tenho é que minha documentação exclusiva da Scania foi entregue aos militares com nome e assinatura dos responsáveis pelo meu monitoramento na empresa”, garante.

A sessão cobrou a abertura da Comissão da Verdade e dará apoio ao projeto de lei 41/10 que tramita na Câmara dos Deputados e prevê o fim do sigilo das informações de Estado sobre a ditadura.

Do ABCD Maior