São Bernardo lança Usina Verde

De olho na sustentabilidade, município estuda novo sistema de coleta e manejo de resíduos

São Bernardo deu mais um passo, nesta segunda-feira (06/06), para tornar realidade a usina de lixo que transformará resíduos sólidos em energia elétrica, no Bairro do Alvarenga. O prefeito Luiz Marinho lançou o edital com proposta de PPP (Parceria Público-Privada) para escolha da empresa que construirá o equipamento e será responsável pelo Sistema Integrado de Manejo e Gestão de Resíduos do município. A ideia é permitir o manuseio de todas as fases do lixo desde a coleta, processamento, tratamento até a destinação final com qualidade e de maneira sustentável.

“A solução para o lixo não está na criação dos aterros. Pelo contrário, temos de acabar com eles. É um processo de transição para energia moderna”, destacou Marinho. Diariamente, o município gera 700 toneladas de resíduos. Entre a coleta e destinação do lixo, São Bernardo gasta R$ 77 milhões por ano, sendo R$ 14 milhões com o aterro sanitário Lara, em Mauá. A partir do novo sistema de manejo e gestão do lixo, o que inclui a Usina Verde, o objetivo é não usar mais o aterro sanitário e economizar o recurso.

De acordo com o secretário de Planejamento Urbano, Alfredo Buso, com o funcionamento da usina, previsto para 2015, e a ampliação de 1% para 10% da coleta seletiva no município até 2016, São Bernardo poderá ter apenas 10% de resíduos enviados aos aterros. “Quando se realiza a incineração, sobram as cinzas. Na Europa tal resíduo é usado na construção civil ou para se fazer asfalto. Mas aqui no Brasil ainda não temos uma legislação”, argumentou.

A garantia para ampliar o serviço de reciclagem vem com a criação de seis centrais de triagem operadas por cooperativas a serem montadas e mantidas pela empresa que ganhar a licitação, assim como de 600 pontos de entrega voluntária e de 30 ecopontos. “Hoje nossas duas cooperativas conseguem reciclar de 7 a 8 toneladas de material por mês. A intenção é que cada uma das seis cooperativas recicle 12 toneladas por dia”, explicou Buso.

A estimativa é que todo o processo de gestão e manejo do lixo no município, o que inclui desde a varrição de ruas, a coleta seletiva e a construção da Usina Verde, custe de R$ 450 milhões a R$ 600 milhões. Deste total, R$ 250 milhões serão destinados à usina de lixo, que não terá investimento municipal, apenas privado. A contrapartida municipal será a concessão de 30 mil ou 40 mil m² do terreno do antigo lixão do Alvarenga para abrigar o equipamento.

“Antes das construções, o local precisará ser remediado, o que ficará a cargo da empresa que ganhar a licitação”, explicou o prefeito. O modelo de usina que será seguido em São Bernardo vai separar materiais recicláveis do composto orgânico, que será transformado em energia elétrica. O equipamento deve gerar de 26 a 30 MW por hora, o suficiente para iluminar todas as ruas e prédios públicos da cidade. “A incineração não irá poluir o ar, por causa da eficiência dos filtros e evolução tecnológica”, disse Marinho. A Prefeitura ainda garantiu que o espaço terá monitoramento on-line de controle de emissão de gases e um rigoroso estudo de impacto ambiental.

Plano
Além da construção da Usina Verde e da ampliação da reciclagem da cidade, o Plano Municipal de Resíduos Sólidos prevê que a empresa ganhadora da licitação também terá responsabilidade sobre os resíduos de construção civil. Em 2010, a cidade coletou mais de 117,7 mil toneladas em 81 áreas de despejo irregular.  “Este tem sido um dos grandes problemas e queremos resolver”, revelou secretário de Coordenação Governamental, Tarcísio Secolli.

A limpeza pública também está inclusa no pacote. Para a Prefeitura, o novo sistema possibilitará uma grande evolução no controle dos serviços de limpeza pública no município, incluindo a fiscalização mais rigorosa e o controle por parte da população na qualidade dos serviços prestados. A proposta leva em conta a limpeza efetiva da cidade, sendo que a empresa poderá sofrer uma redução de até 20% no pagamento caso os parâmetros de qualidade não sejam atendidos. “Queremos a cidade limpa e, se isso não ocorrer, as penalidades serão severas”, disse Buso.

Do ABCD Maior