Centro de pesquisas da Saab no ABCD deve ficar pronto até maio

Indústria que disputa licitação para compra de caças avalia adiamento da decisão

O centro de pesquisas aeroespaciais que a indústria sueca Saab instalará em São Bernardo deverá ficar pronto até o mês de maio deste ano. O local para a instalação do complexo segue indefinido, mas a tendência é de que as instalações sejam localizadas em um lugar que tenha fácil acesso para as empresas.

De acordo com o diretor-geral da Saab no Brasil, Bengt Janér, o processo para a criação da Oscip (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público) que administrará o complexo está próximo de ser finalizado. O objetivo agora é atrair mais empreendedores interessados em atuar no centro. Janér destacou que duas empresas já formalizaram sua participação e que empresários da Capital, do interior de São Paulo e de fora do Estado deverão integrar a iniciativa.

Serão investidos, aproximadamente, US$ 50 milhões no centro nos próximos cinco anos. A expectativa da Saab é que até o fim de 2011 o centro tenha pelo menos cinco projetos em atividade, que deverão movimentar cerca de U$S 10 milhões.

A Saab disputa a licitação do governo federal FX-2, para a renovação da frota da FAB (Força Aérea Brasileira). A indústria já prometeu que instalará um polo aeronáutico em São Bernardo caso vença a disputa. O polo produziria as fuselagens traseira, central, das asas e das portas principais do trem de aterrissagem do caça Gripen NG.

Além disso, a Saab propôs a transferência total de tecnologia para o Brasil, um dos principais requisitos para a definição do vencedor da licitação. A operação do centro de pesquisas em São Bernardo independe do resultado da licitação.

Concorrência – A presidente da República Dilma Rousseff definiu que a compra dos 36 caças supersônicos para a FAB deve ficar somente para 2012. O motivo para o adiamento se deve à preocupação com a situação fiscal do País e de dúvidas quanto a melhor opção entre os concorrentes. A escolha da aeronave, no entanto, deve acontecer ainda neste ano. Antes, Dilma planeja ouvir setores de fora do governo, especialmente a Embraer, e criar um grupo interministerial para que sejam realizados estudos sobre a melhor opção entre os caças.

Apesar do pedido do senador dos Estados Unidos John McCain, durante visita na semana passada à presidente, para que o governo reconsiderasse a proposta da norte-americana Boeing, a disputa deve ficar entre a sueca Saab, que é a preferida da FAB, e a francesa Dassault, preferida pelo Ministério da Defesa. A decisão de adiar o fechamento do negócio estaria atrelada a um possível corte de R$ 40 bilhões no Orçamento da União.

Na avaliação do executivo da Saab no Brasil, Bengt Janér, o adiamento é uma boa notícia e significa que a presidente quer estudar melhor as propostas antes de ‘bater o martelo’. “Acredito que nosso projeto também poderá ser melhor analisado. Um dos objetivos da Saab é trabalhar em conjunto com as empresas brasileiras e produzir um caça sueco-brasileiro”, finalizou.

Durante a semana circularam especulações de que o governo reabriria a licitação do FX-2 para outros concorrentes. A possibilidade foi rechaçada por fontes ligadas ao setor.

Do ABCD Maior (Felipe Rodrigues)