Diadema vai intermediar terreno para sem-teto

Prefeitura afirma que ajudará na solução para ocupação de área no Eldorado

 Depois de reunião com integrantes do MLB (Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas) na tarde desta segunda-feira (29/11), o secretário de Habitação de Diadema, Márcio Vale, reafirmou que a prefeitura vai ajudar na intermediação para compra de área onde serão construídas moradias para as famílias. Vale ressaltou que o local invadido no domingo (28/11), localizado na avenida Pirâmide, no Bairro Eldorado, não pode ser adquirido, uma vez que não se enquadra nas normas do plano diretor da cidade.

“Já temos uma área em vista e já existia essa tratativa para negociação com o proprietário”, disse.

Sobre a situação das famílias que estão no acampamento, Vale frisou que a prefeitura não pode interferir ou pedir a reintegração de posse. “A ocupação é em área particular e a prefeitura não tem o papel de remover essas famílias”.

Improviso – Comida escassa, água precária, banheiro e casas improvisados com sacos de lixo preto e bambus, debaixo de um sol escaldante. É assim que as famílias do MLB (Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas) estão passando os dias desde a madrugada do último domingo (28/11), quando decidiram ocupar um terreno particular na avenida Pirâmide, no Bairro Eldorado, em Diadema. Apesar da precariedade, a adesão tem aumentado. Até domingo eram 200 famílias; nesta segunda-feira (29/11), o número cresceu para 230.

Um dos líderes do grupo, Paulo Roberto de Melo, 28 anos, disse que o MLB representa um total de 300 famílias e que a motivação para a ocupação partiu após alguns integrantes terem sido despejados de suas casas de aluguel por falta de pagamento. “Tivemos de ajeitar essas pessoas na sede do movimento. Muitos vivem em situações precárias”, afirmou. Melo ainda garantiu que outras famílias também estão prestes a perder suas casas. “São três anos e meio de luta e nada acontece. Não dá para ver famílias inteiras ficando sem teto e não fazer nada”, revelou.

Barbara da Silva, 28 anos, está desempregada há seis meses e decidiu aderir ao movimento pela instabilidade financeira em que vive. “Meu aluguel está atrasado há dois meses, não sei até quando terei um teto para morar”, disse. Para sobreviver e alimentar o filho de quatro anos, a moradora de Diadema vive da ajuda de familiares e da caridade de vizinhos. “Se não ficarmos neste terreno, tenho esperanças que a prefeitura nos transfira para outro local.”

A área ocupada é de um empresário do segmento termoplástico, que estaria com impostos atrasados. “Soube que o espaço possui dívidas com a prefeitura, por isso acredito que possa ocorrer uma negociação entre o proprietário e a administração”, comentou Barbara. “O terreno tem cerca de 40 mil m² de área livre. Fora isso, também tem um espaço de manancial, aos fundos, que não estamos contabilizando”, disse Melo.
 
Por causa da ventania e com receio da ameaça de chuva, Sinvaldo Fernandes Chaves, 39 anos, estava reforçando as estruturas do barraco. O ajudante geral paga aluguel há dez anos e não vê perspectiva de comprar uma casa com o salário que ganha. “O dinheiro que recebo mal dá para pagar as contas e comer”, falou. Para Chaves, essa ocupação se tornou a esperança de conquistar a casa própria. “Já perdi dois dias de trabalho, mas sei que vai valer a pena”, afirmou.

Melo garantiu que o MLB está aberto ao diálogo e negociações. “Mais do que promessas, precisamos de algo concreto que dê segurança para essas famílias”, argumentou. O líder do grupo ainda destacou que a iniciativa busca apenas garantir o direito de moradia. “O movimento é formado por trabalhadores, que, muitas vezes, são confundidos com bandidos e vândalos. Mas não somos nada disso”, alertou.

Do ABCD Maior