Apesar da crise, ABC manteve bons resultados na construção civil em 2008

A cidade de São Bernardo é a campeã de lançamentos: mais de 7,3 mil imóveis, o que corresponde a quase R$ 1,6 bilhão, seguida por Santo André, com 2,8 mil unidades

Nem mesmo a grave crise econômica mundial conseguiu afetar os bons resultados obtidos pela região no mercado da construção civil em 2008. O bom desempenho do setor no período de janeiro até setembro do último ano foi o que garantiu uma média favorável no volume de lançamentos e vendas de imóveis – novos, residenciais e verticais – nas cidades de Santo André, São Bernardo e São Caetano com relação aos anos anteriores.

O índice favorável se deve a 92% das unidades lançadas no último ano estar concentrada nos meses de janeiro até setembro, período anterior à crise. Já nos meses de outubro até dezembro, a situação foi bem diferente, quando o volume de lançamentos, que era de 1,2 mil unidades por mês, caiu para 314 por mês.

Foram lançadas no último ano cerca de 11,9 mil unidades no ABC, o correspondendo a aproximadamente R$ 2,7 bilhões, valor 74% maior do que no ano de 2007. “Foi o melhor ano da construção civil no ABC apesar dos problemas sérios decorrentes da crise”, comenta o presidente da AcigABC e vice-presidente do Interior do Secovi-SP (Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação e Administração de Imóveis Residenciais e Comerciais de São Paulo), Milton Bigucci.

Se comparado com os anos anteriores a 2007, o crescimento foi ainda maior. No ano de 2006 foram lançados cerca de 2,1 mil unidades, já em 2005 o volume de lançamentos foi de aproximadamente 4,2 mil unidades. Dados que revelam um aumento de 5,6% nos lançamentos do ABC em quatro anos. A preferência das construtoras continua a ser por apartamentos de três dormitórios, que correspondem a 58% das unidades lançadas.

A cidade de São Bernardo é a campeã de lançamentos: mais de 7,3 mil imóveis, o que corresponde a quase R$ 1,6 bilhão, seguida por Santo André, com 2,8 mil unidades (R$ 532 milhões) e São Caetano, que lançou 1,6 mil unidades, um volume médio de R$ 664 milhões.

Vendas
No ramo das vendas foram comercializadas 8,3 mil unidades no ABC, correspondendo ao valor médio de R$ 2,1 bilhões. Ficaram em estoque cerca de 6,7 mil unidades, sendo que destas, 4,2 mil encontram-se na planta, 2,3 mil em construção e 102 unidades concluídas.

A superação ao ano anterior, quando foram vendidas 5,6 mil unidades, é de 47%. No entanto, é fácil observar a forte atuação da crise econômica no volume de vendas no período entre setembro e dezembro, quando foram vendidos 403 unidades ao mês, 392 a menos do que no período anterior à crise, que tinha o índice de 795 apartamentos vendidos a cada mês.

São Bernardo também lidera o ranking de vendas de apartamento com o número de aproximadamente 3,6 mil unidades vendidas. São Caetano superou Santo André neste fator, já que conseguiu o índice de quase 2,6 mil unidades vendidas, enquanto Santo André vendeu 2,5 mil.

O custo médio de um apartamento de um dormitório é de R$ 117 mil, o de dois dormitórios sai por R$ 125 mil e o de três dormitórios custa em média R$ 222 mil. Já uma unidade com quatro dormitórios sai por R$ 481 mil.

A pequena diferença entre o preço de um apartamento com apenas um dormitório e a unidade com dois quartos é o principal motivo pela exclusão de lançamentos de unidades com um dormitório na região, explica Bigucci.

Burocracia
Para Bigucci, o motivo de São Bernardo superar ‘e muito’ a cidade de Santo André com relação ao volume de lançamentos e vendas é a facilidade para o construtor. “As leis de construção de São Bernardo são excelentes se comparadas com as de Santo André. Além disso, em Santo André se demora muito para aprovar um projeto, fatos que precisam ser simplificados”.

Futuro
Para este ano a expectativa é de uma recuperação do mercado, que segundo Bigucci, começa a observar uma melhora nos plantões de venda de imóveis. “Ainda não temos nenhum dado, mas os números se aproximam aos do ano de 2006”, observa.

No entanto, a melhora no mercado não significa queda nos preços dos imóveis e tampouco facilidade de compra, já que, na visão de Bigucci, o Brasil está baixando juros em câmera lenta e hoje há uma dificuldade maior com relação aos anos anteriores no que diz respeito a crédito. “Os créditos tiveram um aumento de juros e isso conspira contra o mercado”, destaca.

Do Repórter Diário