Presidente da Sabesp foi impedida por governador de alertar sobre crise da água
Em áudio captado durante uma reunião com diretores da Sabesp neste ano, a presidente da estatal, Dilma Pena, afirma que houve “orientação superior” para que a crise hídrica pela qual passa São Paulo não fosse comunicada pela empresa à população.
“Foi uma orientação superior. A Sabesp tem estado muito pouco na mídia. Acho que é um erro. Nós tínhamos que estar mais na mídia. Os superintendentes locais, nas rádios comunitárias, falando, eu falando, todos falando sobre isso: ‘cidadão, economize água’. Isso tinha que estar reiteradamente na mídia, mas nós temos que seguir orientação. Nós temos superiores. A orientação não tem sido essa, mas é um erro. Tenho consciência absoluta e falo para as pessoas com quem eu converso sobre esse tema, mesmo meus superiores. Acho um erro esta administração da comunicação”, afirma a voz atribuída à Dilma Pena no áudio.
Após a divulgação da gravação, a Sabesp divulgou nota à imprensa em que afirma que a empresa tem comunicação autônoma, mas não comenta sobre a possibilidade de a presidente da estatal ter recebido ordens superiores, que podem ter vindo de órgãos da administração do Estado, como a secretaria de recursos hídricos, e do próprio gabinete do governador Geraldo Alckmin (PSDB).
Leia a abaixo a nota na íntegra.
1) O objetivo da reunião operacional foi de ampliar ao máximo as ações de comunicação para o uso racional da água junto aos funcionários da companhia. Vale destacar que a comunicação da Sabesp é feita de forma autônoma. E as decisões ocorrem no âmbito da companhia. Naquele momento, a diretoria da Sabesp discutia com o conselho de administração da companhia (órgão superior) a estratégia de comunicação.
2) Também naquele momento a diretiva era diminuir ao máximo a dependência do Sistema Cantareira. O contexto era de convencer, de forma contundente, os gerentes operacionais da companhia da necessidade de redução. A estratégia tem dado certo. A dependência do Cantareira diminuiu de 9 milhões para 6,5 milhões de pessoas, uma redução de cerca de 30%.
Do Valor Econômico