Jogo do Brasil desanima torcida diante do telão dentro da Volks

Raquel Camargo

Onze mil cadeiras foram reservadas para os trabalhadores

Desde que a produção de motores foi para a fábrica de São Carlos, não se via tanta gente junta na ala 5, a maior da Volks. No local hoje quase vazio, a empresa instalou 10 telões e montou 11 mil cadeiras para acomodar todos. A produção parou e grande parte dos trabalhadores foi para o local. Os assentos estavam quase todos ocupados.

O ruido das cornetas, buzinas, vuvuzelas e uma infinidade de gaitas e assobios era tão ou mais alto se comparado com todas as máquinas que funcionavam no local há alguns anos. Não faltou também trabalhador torcedor com adornos verde-amarelos e bandeiras.

Quando a seleção entrou em campo a torcida veio abaixo, numa barulhada quase ensurdecedora.

Trégua naquele ruído, apenas, durante a execução do hino nacional brasileiro, quando a maioria cantou juntou. “É emociante. É um momento de confraternização”, descreveu o jovem montador Leandro Vinicius Baungart, que pela primeira vez veria um jogo da seleção brasileira na fábrica.

Se a seleção fizesse um gol, seria possível dizer que uma parte dele se deveu à vibração do pessoal na Volks, potencializada por estar num local fechado.

Raquel Camargo

Vuvuzelas, cornetas e bandeiras fizeram parte da torcida

Normalidade
Mas a história não prosseguiu assim, neste clima de alegria. O transcorrer do jogo foi derrubando a animação da moçada aos poucos. Uma ou outra jogada levantava a galera, como a bola da trave de Nilmar aos 25 minutos do primeiro tempo ou o cartão amarelo que o meio campista português Duda levou logo em seguida.

Às vezes, quando parecia que um ataque iria emplacar, os trabalhadores acompanhavam mas tudo voltava à normalidade pouco depois da jogada perdida.Intervalo do jogo, tempo para fumar ou comer o lanche servido pela fábrica no lugar do almoço e um relativo silêncio.

Início do segundo tempo e nem de longe os metalúrgicos-torcedores repetiram a animação do começo do jogo.

Raquel Camargo

Os trabalhadores Leandro Gazzito, Valdir Oliveira de Souza e Alessandro Rosa Dias

“Esse segundo tempo deixou a desejar. A seleção jogou segurando o resultado”, analisou o montador Leandro Gazzito. 

“O jogo foi assim por que os dois times já estavam classificados”, ponderou o mecânico de manutenção Valdir Oliveira de Souza.

“Com esse futebol o time não passa da segunda fase”, sentenciou outro mecânico de manutenção, Alessandro Rosa Dias, que sentiu a falta de Kaká e Robinho.

Raquel Camargo

Eduardo Boscardin e Caroline Ramos vieram fantasiados para torcer

Gols?
O casal Caroline Ramos Dantas e Eduardo Cesar Boscardin era um dos melhor caracterizados como torcedor, ambos com perucas verde-amarela e camisetas da seleção. 

Enrolada em uma bandeira do Brasil, Caroline, técnica de logística, disse estar um pouco decepcionada com o resultado e com o time. “Vim assim toda vestida para vibrar, mas infelizmente o gol não aconteceu”, disse.

O pintor Eduardo comentou que as mudanças promovidas por Dunga no meio do campo impediram as jogadas criativas e a bola de chegar ao ataque. “A seleção explorou pouco as laterais”, acrescentou indo em direção a uma  equipe de televisão para a qual daria uma entrevista.

Raquel Camargo

“Vou fazer uns Gols”, brincou o montador Leandro Vinícius

“Bom, já que a seleção não fez, deixa eu ir fazer uns Gols”, disse, resignado, o montador Leandro Vinicius ao se levantar da cadeira e começar a caminhar em direção à linha de montagem.

Jogo
A seleção não mostrou um bom futebol e empatou em 0x0 com Portugal. Kaká, Elano e Robinho fizeram falta e o futebol foi feio. Como o resultado interessava aos dois times, o jogo ficou mais arrastado no final.

O Brasil terminou em primeiro do grupo G, com 7 pontos e os portugueses em segundo, com 4. Na próxima segunda-feira, a seleção entra na fase de mata-mata, jogando às 15h30, em Johanesburgo, contra o Chile.

Raquel Camargo

Trabalhadores torceram bastante, mas a Seleção não correspondeu