51 anos dos metalúrgicos do ABC – Sindicato nasce a partir de Associação


Lino Carniel fala durante a fundação da Associação

O ABC sofreu grandes transformações na década de 50 com o processo de modernização do parque industrial durante o governo de Juscelino Kubitschek.

O sindicato dos metalúrgicos da época era regional. Mas, desde que as montadoras se instalaram em São Bernardo, tornaram a base metalúrgica da cidade maior do que a de Santo André, onde ficava a sede. A partir daí surgiram propostas de desmembramento do sindicato.

Como a criação de novos sindicatos também interessava ao Partido Comunista Brasileiro, que teria mais votos na federação sindical de São Paulo, um grupo de ativistas passou a articular a criação da Associação dos Metalúrgicos de São Bernardo e Diadema, primeiro passo para a fundação do Sindicato.

Mobilização
“Começaram a traçar ideias, eu, Anacleto Potomatti, Orissom Saraiva de Castro, Alcides Borsoi”, descreveu Lino Ezelino Caniel, primeiro presidente da Associação e sócio nº 1 do futuro Sindicato. Orisson lembrou que depois desses encontros “decidimos fazer uma mobilização, procurar pessoas de outras empresas e marcar uma nova reunião”.

Feitas essas articulações, a reunião de fundação da Associação aconteceu no dia 12 de maio de 1959, na sede do Sindicato dos Marceneiros, na Rua Marechal Deodoro. Compareceram 71 metalúrgicos que trabalhavam na Mercedes, Volks, Mercantil Suíça, Varan Motores, Multibrás, Carte, Volar, Simca e Maras.

Luta pelo 13º salário e contra a carestia As empresas reagiram à criação da Associação.

Lino Caniel comentou que “o começo foi difícil, com bastante perseguição. Muitos foram dispensados, inclusive eu, da Mercedes. Alguns eram chamados para fazer hora extra, outros eram mudados de turno”.

Mesmo com essas dificuldades, a Associação se consolidou. “Puxamos uma greve na Mercedes e conquistamos a reivindicação de aumento real de salário”, disse ele.

Greve geral – Uma assembleia realizada no dia 26 de agosto elegeu a primeira diretoria do Sindicato, sendo Anacleto Potomatti escolhido como presidente. No dia 28 a diretoria pediu a transformação da Associação em Sindicato. Orisson, seu primeiro secretário-geral, comentou que as lutas iniciais foram na Willys, Mercedes, Brastemp e Mercantil Suíça, reivindicando o abono de Natal, o 13º salário.

Nos dias 2 e 3 de dezembro os metalúrgicos de São Bernardo participaram de uma greve geral contra a carestia.