PM invade Sindicato dos Jornalistas

 

O presidente do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, José Augusto Camargo, está exigindo que as autoridades de Segurança Pública do Estado expliquem por que a sede da entidade foi invadida por policiais militares durante ato em defesa do 3º Programa Nacional de Direitos Humanos.

“Queremos uma resposta a este abuso de autoridade que nos lembra velhos costumes da ditadura, costumes que não vamos aceitar de maneira alguma”, protestou o dirigente.

A ironia do incidente é que um dos objetivos do Programa é o combate à criminalização dos movimentos sindical e popular e de manifestações como a realizada pelos jornalistas, o assassinato de lideranças, repressão a greves, o interdito proibitório etc. O programa defende também a abertura dos arquivos da repressão durante ditadura militar.

Conservadores
“Os PMs entraram no auditório alegando estar cumprindo ordens superiores”, contou Rose Nogueira, diretora do Sindicato e integrante do grupo Tortura Nunca Mais.

“Eles queriam saber os nomes dos organizadores de um evento que reuniu cerca de 200 pessoas de forma totalmente pacífica”, prosseguiu. Para ela, a ação teve como objetivo intimidar os participantes do encontro.

Lançado pelo governo federal no final de dezembro, o 3º Programa Nacional de Direitos Humanos tem gerado críticas de setores conservadores da sociedade que não querem perder privilégios.

Ameaça de bomba esvazia homenagem a Marighella
A ameaça de explosão de uma bomba obrigou 150 pessoas que participavam da abertura de exposição sobre o militante político Carlos Marighella a esvaziar o auditório do Centro Cultural da Caixa Econômica Federal, no Rio de Janeiro.

O público participava de um debate e de uma homenagem à luta contra a ditadura militar.

Chamada ao local, a polícia não encontrou explosivos. “Este tipo de ameaça não é novidade para quem lutou contra a ditadura e luta pelos direitos humanos”, afirmou Ana Müller, fundadora do Comitê Brasileiro pela Anistia, em 1979. Em sua opinião, não existe mais ambiente no País para esse tipo de atitude. “Isso é ação de meia dúzia de pessoas que não se conforma com a conquista do Estado de Direito no Brasil”, concluiu Ana.