Lavadeiras e metalúrgicos

O escritor alagoano Graciliano Ramos, autor de Vidas Secas, história que narra a vida do retirante do sertão, escreveu um pequeno texto que compara o ato de escrever com o ofício das lavadeiras.

Ele diz, em seu texto, que para escrever devemos proceder à maneira das lavadeiras lá de Alagoas. Elas começam com uma primeira lavada, molham a roupa suja, torcem o pano, molham-no novamente, voltam a torcer.

Colocam o anil, ensaboam, torcem novamente, depois enxaguam e somente depois de feito tudo isso é que elas dependuram a roupa lavada na corda ou no varal, para secar. O escritor afirma que, da mesma forma, a escrita não foi feita para brilhar como ouro falso, palavra foi feita para dizer.

Refletindo sobre esse tema no curso de comunicação e expressão, os participantes toparam o desafio de relacionar as palavras de Graciliano com a prática sindical. O texto a seguir é um dos resultados dessa reflexão: Sobre o ato da luta

“Deve-se lutar da mesma maneira que os metalúrgicos do ABC lutam pelas suas conquistas. Eles vão até o chão da fábrica, interagem com os companheiros, ficam sabendo das necessidades da companheirada, fazem as conversas entre os representantes para saber se a necessidade dos trabalhadores de toda a fábrica são as mesmas. Depois vão até os diretores da fábrica, negociam, lutam, debatem e, depois que sai a definição sobre as necessidades da peãozada, voltam ao chão da fábrica para saber se a companheirada está de acordo.

Se todos estiverem de acordo, beleza!, necessidades garantidas. Pois quem se mete a lutar devia fazer a mesma coisa. Luta é com dignidade, honra, coragem e sabedoria”.

E o companheiro continua: “pois um dos que começaram essa luta é, hoje, nosso presidente da República”.

A formação nos leva a refletir que, sim, lavadeiras e metalúrgicos fazem toda a diferença em nossa história.

Departamento de Formação