Lula e a imprensa: ele não gosta, mas também não persegue

Artigo contesta acusa da Sociedade Interamericana de Imprensa que disse que presidente brasileiro, como Hugo Chávez, ataca e critica a imprensa

Passou meio batida uma injustiça da SIP, Sociedade Interamericana de Imprensa, contra o presidente Lula: comparou seu comportamento em relação aos meios de comunicação com o de Hugo Chávez, presidente da Venezuela. Bateu pesado: “O presidente brasileiro sempre ataca a imprensa e lança críticas desmedidas quando o enfoque do noticiário ou de um comentário não lhe agrada”. E lembra que Lula já disse que ler jornais lhe causa azia.

Além de injustiça, é bobagem: Lula teve um rompante autoritário (a vontade de expulsar do Brasil o correspondente do The New York Times, Larry Rohter), mas voltou atrás, e não repetiu a dose. Se a leitura dos jornais lhe dá azia, isso não tem nada a ver com perseguição. Ele se informa por outros meios e, a menos que se considere que deixar de comprar jornais é perseguição, limita-se a isso.

As relações de Lula com os meios de comunicação não são perfeitas (mas não o foram nem na saudosa época de Juscelino Kubitschek, quando o líder oposicionista Carlos Lacerda não podia aparecer na TV nem falar no rádio). É verdade, também, que Lula evita entrevistas coletivas, e só as realizou quando foram engessadas. Mas não economizou nas entrevistas exclusivas (foi numa delas, aliás, que disse que ler jornais lhe dá azia). Este colunista acha que coletivas são ótimas para a população, mas rejeitá-las não é perseguir a imprensa.

Falhou a SIP. E, ao comparar Lula com Chávez, falhou de novo: deu a Chávez, que este sim persegue seus opositores, a desculpa de que age como Lula. Faltou à SIP lembrar que uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa.

Do Portal Observatório de Mídia