Novo dicionário acaba com dúvidas

A Academia Brasileira de Letras (ABL) começou a distribuir a segunda edição do Dicionário Escolar da Língua Portuguesa para colocar um fim nas dúvidas que existiam sobre o novo acordo ortográfico, que começou a valer para os documentos oficiais em 1º de janeiro.
As mudanças serão adotadas gradualmente e a partir de 2012 tornam-se obrigatórias.
A ABL esclareceu as dúvidas em relação a utilização do hífen quando forem utilizados os prefixos “re”, “pre” e “pro”, definição que não havia sido incluida no texto do novo acordo.
Palavras com esses prefixos devem ser grafadas sem hífen.
São os casos de “reeditar” ou “preencher”.
Apesar de as mudanças serem poucas no Brasil, pois apenas 0,5% das palavras sofrerão modificações, o acordo tem gerado polêmica.
Ele foi proposto pela Comunidade dos Povos de Língua Portuguesa para uniformizar a ortografia dos oito países que falam o idioma e somam 230 milhões de pessoas no mundo.

As principais mudanças são:

Alfabeto
As letras “k”, “w” e “y” foram incluídas no alfabeto. Passam a ser utilizadas em nomes próprios e de lugares de outras línguas como Darwin, show, Kuwait e download.
Também são usadas em abreviaturas e siglas internacionais como em km (quilômetro), K (potássio) e W (watt).

Acento diferencial
Deixa de existir o acento que era usado para permitir uma identificação mais fácil de palavras com a mesma grafia.
Exemplos
Acabam os acentos de pára (verbo), que era usado para diferenciar de para (preposição), ou de pélo (verbo pelar), que diferenciava de pêlo (substantivo).
Existem três exceções. Continuam os acentos em pôde (verbo no passado) para distinguir de pode (no presente), pôr (verbo), para se diferenciar de por (preposição), e têm e vêm (verbos no plural), para distinguir de tem e vem (no singular).

Hífen
O hífen não será mais usado em palavras compostas que perderam a noção de composição.

Ele também foi abolido nas palavras compostas em que o prefixo termina em vogal e o segundo elemento igualmente começa em vogal.

Nos casos em que a primeira palavra terminar em vogal e a segunda começar por “s” ou “r”, essas letras deverão ser duplicadas, como em antissemita (anti + semita).
A exceção é quando o primeiro elemento terminar em “r” e o segundo elemento começar com a mesma letra. Nesse caso, o hífen será mantido, como em hiper-requintado ou inter-racial.
Já quando o primeiro elemento finalizar com uma vogal igual a do segundo elemento, o hífen deverá ser utilizado, como em micro-ondas e anti-inflamatório.

Trema
O trema foi abolido de todas as palavras portuguesas, mas a pronúncia continua a mesma*

* Em nomes próprios e seus derivados, o trema continua. Ex.: Müller – mülleriano

Acento agudo
Ele desaparece em três casos.
Nos ditongos abertos ei e oi das palavras paroxítonas. Ditongo é o encontro de duas vogais, que são pronunciadas numa só sílaba.

Nas palavras paroxítonas com “i” e “u” que formam hiato, com a vogal anterior. Hiato é uma sequência de duas vogais que pertencem a sílabas diferentes.

Nas formas verbais que tem o acento tônico na raiz, com o “u” precedido da letras “g” ou “q” e seguido de “e” ou “i”.

As oxítonas e os monossílabos terminados em éi, éu e ói continuam com o acento. Exemplos: herói, ilhéu, chapéu, dói, céu.
As letras “i” e “u” continuam acentuadas se formarem hiato mas continuarem sozinhas na sílaba, como em baú e saída.
Nas palavras oxítonas, o acento continua como em tuiuiú e Piauí.

Acento circunflexo
Ele deixa de ser usado nas palavras terminadas em “oo”.

Ele também deixa de ser utilizado na terceira pessoa do plural do presente do indicativo ou do subjuntivo dos verbos crer, dar, ler e ver.