Saúde – Quilos demais, tempo de menos

Ela é uma pessoa comum, nos seus vinte e poucos anos. Boa escolaridade, emprego em uma fundação, casada e, como diriam no programa de TV, a uns cinco ou seis quilos do verão.
Vaidosa, como é natural, procura vestir-se bem.
Não dispensa uma leve maquiagem, nem os cuidados com os cabelos louros.
Problema mesmo são os quilinhos a mais, marcando a roupa. Tirando o sossego.
Já tentou todos os regimes.
A dieta do astronauta, regime da lua, dos pontos, dieta da água morna, benzimentos, simpatias, sopas, chás, remédios, fórmulas, enfim, tudo que lhe ensinaram. E os quilinhos ali, firmes.
Após uma conversa comprida, convenci-a que não há milagre e nem fórmula mágica. Para emagrecer, o pior que se pode fazer é ficar longas horas em jejum. Ao contrário, é preciso reeducação alimentar e sair do sedentarismo, botar o corpo em movimento.
Marcada a consulta com a nutricionista, não deu outra.
Balança, as dobrinhas da perna, cálculo do índice da massa corporal e finalmente, a sentença:
– Comer moderadamente, balancear a dieta entre gorduras, carboidratos, proteínas, vitaminas e sais minerais e aumentar a ingestão de fibra alimentar.
Tudo isso em intervalos de três em três horas.
Além disso, fazer alguma atividade física numa academia pelo menos três vezes por semana. Pois, apenas a reeducação alimentar não iria resolver.
Então, ela se deu conta que acorda às 5 da manhã, engole um café com pão e às seis pega o buzão para chegar ao trabalho às oito.
Permanece sentada o dia todo, tem menos de uma hora para o almoço e sai do trabalho depois das cinco,correndo, pois, com o trânsito, só consegue chegar em casa às oito da noite, isso quando não atrasa.
Aí é fazer o jantar, preparar a marmita do marido para o almoço do dia seguinte, tomar um banho e cair na cama.
Desolada com a falta de tempo, ela deu um suspiro depois de me contar tudo isso, e eu pensei:
– Para a maioria das pessoas, a vida é colocada exclusivamente em função do trabalho, que ocupa a quase totalidade do seu tempo, e que nada mais dá em troca do que o mínimo para manter nossa vida biológica. Inclui-se aí uma leve satisfação no consumo de alguns utensílios para aliviar um pouco a atividade doméstica.
A sua vida lhe dá mais que isso?

Departamento de Saúde do Trabalhador e Meio Ambiente