MST completa 25 anos e planeja “ocupar” cidades com novas reivindicações

A idéia é usar a experiência acumulada pelo MST para ajudar a organizar as reivindicações da população das cidades

Mantendo a bandeira da reforma agrária como seu carro-chefe, o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) completa nesta terça-feira (20) 25 anos e coloca como uma das metas aumentar sua atuação nos centros urbanos. Entre os desafios propostos para o “novo período” do movimento estão aumentar alianças e engrossar a luta por objetivos especificamente urbanos.

A idéia, segundo seus coordenadores, é usar a experiência acumulada pelo MST para ajudar a organizar as reivindicações da população das cidades. “É uma oportunidade histórica para organizar as demandas sociais e construir experiências concretas no campo da produção, mas também no campo da elevação cultural e do crescimento, um problema seriíssimo da nossa sociedade. Nós queremos colocar à disposição da sociedade brasileira aquilo que acumulamos”, afirma José Batista de Oliveira, um dos coordenadores do movimento.

Integrantes do MST acampados na região de Batatais, no interior de São Paulo
Como exemplo de bandeira “urbana” que o MST pretende hastear está a campanha contra a privatização da exploração do petróleo recentemente encontrados na costa brasileira. “Nós, como parte da sociedade brasileira, queremos ter o direito de opinar e pelo menos dizer o que nós entendemos desse petróleo”, diz João Paulo Rodrigues, da coordenação nacional do MST. O movimento dos sem-terras é um dos idealizadores de um comitê nacional em defesa do petróleo.

Mesmo lutas que não têm nenhuma relação direta com os trabalhadores rurais, como o movimento pelo passe livre no transporte público, podem entrar na lista do MST a partir de agora. “Todas essas lutas nós somos solidários. Claro que não vamos fazer luta urbana se a categoria urbana não estiver disponível, mas vamos ser solidários às categorias que estiverem em luta”, afirma Rodrigues.

Retribuição
Ao extrapolar a fronteira rural e ingressar nas cidades, o MST também busca angariar mais apoiadores para fortalecer o movimento pela reforma agrária. “Não dá para fazer a luta só com os 16% da população que vive no campo”, diz Rodrigues.

As alianças também podem servir para mudar a imagem que o MST tem na sociedade. Para Oliveira, ainda é possível colocar uma outra avaliação a respeito dos 25 anos de movimento. “Essa aparente marginalização [do MST] é fruto da impossibilidade de se ter um contato das experiências concretas de produção, de cooperativas, de agroindústrias, as inúmeras associações de assentados que o MST tem no país inteiro.”

De acordo com os coordenadores do movimento, nesses 25 anos foram criadas mais de 400 associações e cooperativas em assentamentos. Há ainda 96 agroindústrias, que ajudam na renda e nas condições do trabalho no campo e produzem alimentos que são vendidos nas cidades.

Ao todo, o MST afirma que conseguiu assentar 370 mil famílias por meio das ocupações de terras. Atualmente, mais de 100 mil famílias estão acampadas em 24 Estados do país.

Da Folha Online