Ambiente|Consciente, desinformado ou folgado?

Muita gente ainda ignora pequenos gestos que poderiam proteger agora o ambiente em que vive. Que tipo de pessoa você é?

O clima esquenta e o mundo está preocupado com o futuro do planeta – e com razão. Mas muita gente ainda ignora pequenos gestos que poderiam proteger agora o ambiente em que vive. Que tipo de pessoa você é?

Sem perdão
Jogar lixo na calçada, arremessar lata pela janela do carro e empurrar sujeira com água tratada são crimes praticados cotidianamente contra o meio ambiente


Por Miriam Sanger

O noticiário sobre a situação do planeta anda dramático. O clima vai esquentar, a água acabará, os mares vão subir, a atmosfera ficará cinza, rios secarão, mais gente terá fome. As projeções para um futuro não muito distante – talvez daqui um século, quem sabe 50 anos ou menos – são sombrias. Estudos alertam quanto ao que empresas e governos precisam fazer para retardar ao máximo esse processo de deterioração da vida e a questão ambiental nunca esteve tão presente no noticiário e de forma tão preocupante.

Mas, enquanto se buscam novas estratégias de conduta para evitar a catástrofe futura, o ser humano bem que podia se tocar de que a vidinha que segue ao seu redor também faz parte desse tal de meio ambiente. Embora a consciência socioambiental esteja em alta, ainda existe muita gente de índole poluída que podia tornar o mundo muito melhor – hoje – com pouco esforço.

Por exemplo, ao verificar se o móvel que está comprando é de madeira certificada, você ajuda a combater o desmatamento. Ao diminuir o consumo de carne vermelha, colabora com a preservação do “pulmão” do planeta – segundo o Banco Mundial, a pecuária foi a maior responsável pelo desmatamento da região amazônica. Ao deixar o carro na garagem um dia por semana, ajuda a diminuir a emissão de gases poluentes e o efeito estufa. Se não joga no ralo o óleo com que fritou o bolinho, deixa de poluir lençóis freáticos e áreas de manancial. Se escova os dentes com a torneira fechada, consome menos de meio litro de água, em vez de 13 litros. O Brasil, aliás, é um dos campeões mundiais no desperdício de água. A Organização das Nações Unidas (ONU) afirma que 120 litros de água são suficientes para o consumo diário de uma pessoa – no Brasil, a média é de 200.

Segundo pesquisa realizada pelo Vox Populi em março, os brasileiros até estão preocupados com o meio ambiente, mas ainda relacionam o assunto a temas grandiosos como o aquecimento global e o derretimento das geleiras, e não necessariamente a pequenas coisas do dia-a-dia. Como deixar a TV ligada à toa, comprar e preparar alimentos em excesso e depois jogar fora, lavar calçada com mangueira, jogar bituca de cigarro, pacote de salgadinho e latinha de bebida pela janela do carro, botar no lixo comum a latinha de molho de tomate ou o pacote de macarrão, que podem ser reciclados.

A pesquisa revelou que, embora os entrevistados indiquem entre os “principais problemas de seu bairro” falta de rede de esgoto e saneamento básico, de coleta de lixo, de água e de tratamento – tudo ligado a questões ambientais -, apenas 14% dos brasileiros acreditam que exista problema ambiental no Brasil. Um caso grave de desinformação? Ou de semancol? Sim, governos precisam tomar atitudes, empresas também. “Mas devemos ser os primeiros, e não os últimos, a mudar nossos hábitos”, alerta Aron Belinky, gerente de Pesquisas e Métricas do Instituto Akatu, organização sem fins lucrativos voltada à educação para o consumo consciente.

Quando o assunto é reciclagem, por exemplo, um em cada três brasileiros está atento. É um número considerável e que tende a crescer, pois o país tem uma característica peculiar: a atividade entrou na cadeia produtiva da economia nacional. A reciclagem também marca presença nas duas pontas do processo de consumo: evita a demanda de novos recursos naturais e o descarte de material no meio ambiente.

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