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Campina Grande, Caruaru e suas 700 horas de forró para celebrar as festas juninas mais animadas do Brasil. Por Fernando de Oliveira e Moema Duarte

A grande batalha do forró

A partir de 1º de junho serão 30 dias de festa. Ou 700 horas de forró. Quem está em Campina Grande (PB) jura que ali se faz o maior São João do mundo. Mas Caruaru (PE) desafia: ali é que é a capital nacional do forró. Nesse repente, não importa quem vence. O que importa são as armas: forró no café, no almoço e na janta e 24 horas por dia de manifestações de cultura brasileira

O maior do mundo

Por Fernando de Oliveira, de Campina Grande

Na paraibana Campina Grande, estão programadas 480 atrações e aproximadamente 300 quadrilhas juninas. O título de “Maior São João do Mundo” deve-se aos 42 mil metros quadrados reservados para um público esperado de 1,5 milhão de pessoas. O São João de Campina Grande a cada ano atrai mais gente do Brasil e do mundo. A 25ª edição da festa ocorrerá entre os dias 1º de junho e 1º de julho. O projeto São João nos Bairros ajuda a descentralizar o evento e faz com que não apenas o Parque do Povo, onde é montada a estrutura principal, seja palco da folia dedicada ao principal santo do mês. Durante o mês é possível ouvir acordes da sanfona em toda Campina Grande. O forró ultrapassa os limites geográficos da cidade e invade também os distritos de Galante (para onde viaja o Trem do Forró, com um animado percurso de uma hora e meia) e São José da Mata.

A edição deste ano homenageia o sanfoneiro paraibano Sivuca, morto em dezembro do ano passado. O músico, conhecido internacionalmente, terá um espaço especial para sua obra. Sua mulher, a cantora Glorinha Gadelha, estará entre as atrações. Também confirmaram participação Elba Ramalho, Fagner, Alcimar Monteiro, Três do Nordeste, Santana, Dominguinhos, Zé Ramalho, Flávio José, Genival Lacerda, as bandas Calcinha Preta e Cavaleiros do Forró.

A cenografia do Parque do Povo é um espetáculo à parte. No “quartel general do forró”, réplicas arquitetônicas das décadas de 50 e 60 convidam o visitante para uma verdadeira viagem ao tempo do povo matuto do sertão nordestino. A padronização das barracas, em estilo rústico, ajuda na composição da imagem visual da festa. A fogueira central deverá atingir 20 metros de altura. O palco principal será projetado com características do antigo Palhoção, que deu origem ao “Maior São João do Mundo”. As apresentações de quadrilhas e grupos folclóricos serão realizadas na Pirâmide do Parque do Povo.

A réplica da Vila Nova da Rainha ajuda o visitante a conhecer um pouco mais da origem de Campina Grande. As ruas, servidas por lojas de artesanato e barracas com comidas típicas, reproduzem o cenário de nascimento da segunda cidade mais importante da Paraíba. Outra réplica que comporá a temática histórica é a do Cassino Eldorado, que entre as décadas de 30 e 50 foi palco das grandes atrações nacionais que se apresentavam no estado. O prédio do cassino ainda existe na Rua Manuel Pereira de Araújo, na Feira Central.

A temporada mexe com a cidade. A economia cresce 50% e, de acordo com a organização do evento, pelo menos 10 mil empregos são gerados. No ano passado, a Prefeitura de Campina Grande apurou que na última semana de maio 80% da capacidade dos hotéis da cidade estava reservada e 70% se confirmou. Para nenhum visitante ficar na mão, a cidade faz o cadastramento prévio de casas, pensões e apartamentos. A cada ano que passa o São João de Campina Grande ganha destaque mundial e se consolida como o maior evento do gênero. Participar dessa festa vai fazer qualquer pessoa conhecer mais da cultura do povo nordestino e ter a real noção do quanto o mês de junho é importante para a cultura e o incremento da economia da região.

A capital do forró

Por Moema Duarte, de Caruaru