Retrato|Eurivaldo e Corisvaldo

Reportagem e fotos de Mauricio Morais

Eurivaldo José de Souza, 36 anos, cresceu na roça, na comunidade de Queimados, em Canarana (BA). Sustenta os três filhos com a mamona que planta, junto com os dois irmãos, na terra herdada do pai. Vende para os armazéns da cidade e o preço sobe ou cai conforme a demanda. Em fevereiro foi inaugurada em Iraquara, cidade vizinha, a usina de biodiesel Brasil Ecodiesel, que pode comprar matéria-prima de cerca de 35 mil famílias da região. Em vez de usar sua mamona como moeda em armazéns, Eurivaldo poderia vender para a usina, a 37 reais a saca de 60 quilos, desde que se unisse a uma das três cooperativas locais. “A gente tem que assinar compromisso. Eles demoram 30 dias pra pagar. No armazém pagam na hora ou até adiantam, e o preço pode subir; na cooperativa, não.” Eurivaldo prefere esperar, para ter certeza de fartura. “Ainda não sei.”

Corisvaldo Batista da Cruz tem 65 anos, também mora em Canarana. Já trabalhou de carpinteiro, pedreiro e sempre plantou. “Antes era mandioca, mas desde 1964 planto mamona. O problema é a seca. Se tem boa molha, é uma beleza.” O veterano lembra que antes era tudo manual, mas agora é preciso ter maquinário e mais gente para trabalhar. “No esquema do depósito, tem dia que o preço da saca tá de um jeito, amanhã baixou. Hoje você vai no depósito e pega 2 mil reais. Se no dia que for entregar a mamona como pagamento o preço da saca baixou, aí tem que entregar mais mamona”, descreve. “Agora, com esse jeito da cooperativa, o preço é mais certo, a gente sabe quanto vai receber, eles vão dar semente, ajudar na colheita, podem orientar na hora de plantar e a gente passa para os amigos. Acho que vamos ter resultado”, acredita Corisvaldo.