Ambiente|Longa vida para a reciclagem

A dona-de-casa Iolanda
Vasconcelos é síndica
de um grande condomínio
no Butantã, zona oeste de
São Paulo, que promove
a reciclagem há quatro
anos.

Tecnologia desenvolvida no Brasil permite reaproveitamento de todos os materiais das embalagens e vira referência mundial

Por Fábio de Castro, da Agência Repórter Social

O Brasil já é o maior reprocessador de latas de alumínio do mundo e tem um dos mais altos desempenhos em reaproveitamento de papelão. Agora, o pioneirismo na reutilização completa das embalagens longa vida faz do país referência mundial em reciclagem. Incorporadas nas últimas décadas ao cotidiano de milhões de pessoas, essas caixinhas compostas de papel, alumínio e plástico trouxeram praticidade ao dia-a-dia e até benefícios sociais – da duradoura possibilidade de estocagem ao aumento no consumo de leite entre as camadas da população que não dispõem de geladeira.

Junto com o progresso vieram os problemas ambientais, materializados no crescente acúmulo dessas embalagens nos lixões das cidades. Graças à ação de quatro empresas e à mobilização de uma longa cadeia de pessoas – desde a dona-de-casa que separa as embalagens para reciclar até o verdadeiro exército de catadores anônimos de papel –, o Brasil passou a dar exemplo ao mundo. Fruto do investimento das empresas Klabin, Tetra Pak, Alcoa e TSL Ambiental, uma fábrica localizada em Piracicaba (SP) faz uso inédito da tecnologia de plasma, que permite a separação total do alumínio e do plástico que compõem a embalagem.

Tecnologicamente, o processo revoluciona o modelo atual de reciclagem das embalagens longa vida, que até então separava o papel, mas mantinha o plástico e o alumínio unidos. Ambientalmente, reduz em 100% o impacto que essas embalagens teriam ao ser descartadas. Para o Brasil, segundo maior consumidor mundial desse tipo de material, significa muito. A iniciativa já atrai a atenção de outros países. Uma planta de reciclagem nos mesmos moldes da brasileira está prestes a ser inaugurada em Valência, na Espanha. Alemanha, Itália, França e Holanda também mostraram interesse pela tecnologia.

Previamente separadas, as embalagens longa vida
seguem para a reciclagem na fábrica de Piracicaba

 

Recentemente, representantes do governo chinês vieram ao Brasil para conhecer todo o processo de coleta seletiva e reciclagem de embalagens longa vida. A agenda da delegação asiática englobou visitas a uma co-operativa de catadores em São Paulo e a uma empresa fabricante de placas e telhas a partir da mistura de plástico e alumínio das embalagens.

A reciclagem também gera trabalho e renda. Dados do Ministério das Cidades revelam que há no Brasil cerca de 1 milhão de catadores. Em São Paulo, em torno de 200 mil pessoas estão ligadas à coleta. Elas são responsáveis pela produção de 400 mil toneladas por ano de papelão ondulado, o que equivale a 64 milhões de reais. “É um trabalho econômico e ambienta