Trabalhadores da Volks decidem parar greve e decretar Hora Extra Zero

Em assembléia realizada na tarde de hoje no pátio da Volks, em São Bernardo do Campo, cerca de 90% dos cerca de nove mil trabalhadores dos dois turnos da montadora decidiram acatar a orientação da Procuradora Regional do Trabalho drª Oksana Boldo: reiniciar as negociações por contratações e parar a greve.

O Coordenador da Comissão de Fábrica, Valdir Freire, o Chalita, disse durante a assembléia que é preciso manter uma mobilização permanente, pois além das contratações, os trabalhadores ainda têm muitas outras lutas para enfrentar nos próximos dias. “A mobilização e a vigilância permanentes é que podem garantir boas conquistas tanto para nossa reivindicação de contratações quanto para as outras batalhas que temos pela frente. Semana que vem, por exemplo, vamos entregar para a direção da Volks a pauta para fecharmos o valor total do PLR (Participação nos Lucros e Resultados); hoje iniciamos oficialmente nossa campanha salarial e vamos lutar por um bom índice de aumento real; e ainda temos aqui na fábrica a luta pela renovação do acordo de estabilidade”, disse Chalita. O acordo de estabilidade na Volks vence em novembro do ano que vem.

Outra decisão da assembléia foi a hora extra zero enquanto a reivindicação de abertura de novos postos de trabalho não for atendida. “Vamos trabalhar de acordo com a capacidade de cada ala. Não vamos produzir acima do limite nas áreas onde estiver faltando mão-de-obra e, a partir de agora é HORA EXTRA ZERO”, disse Wagner Santana, diretor do Sindicato. Segundo ele, todos devem ficar atentos as convocações da fábrica para trabalhar aos sábados e ninguém deve comparecer a seus postos para fazer hora extra no fim de semana depois de ralar a semana inteira.

O que ocorreu do dia 16/06 até o dia 27/06:

Na quinta, dia 16/06, a fábrica inteira ficou uma hora parada.

Na sexta, 17/06, cerca de 350 trabalhadores da logística (alas 11 e 14) pararam das 13h00 às 17h00. E, cerca de 250 trabalhadores do segundo turno da estamparia, pararam das 17h30 às 22h00.

Na segunda-feira, dia 20/06, a paralisação afetou as alas 11 e 14, que parou durante 11 horas – das 12h00 às 23h00. Nestas alas – nos dois turnos – trabalham cerca de 2.300 metalúrgicos. O primeiro turno parou das 12h00 às 15h00 e o segundo das 15h00 às 23h00.

Na terça-feira, 21/06, pararam os 800 ferramenteiros (ala 8) dos turnos da manhã e tarde. 1º turno parou das 13h00 às 23h00 e o 2º turno das 15h00 às 23h00.

Na quarta-feira, 22/06, pararam cerca de 2.350 trabalhadores das alas 5  – motor, câmbio e pelas para estamparia (corte de chapa) e armação (laterais dos carros) – e 3, responsável pela usinagem de peças para Kombi e suspensão para carros como Sananta, Gol e Parati. Mensalistas vinculados às áreas de produção da VW aderiram.  Na ala 5, o 1º turno parou das 12h00 às 15h00 (1.200 tr), 2º turno das 15h00 às 06h00 (800 tr) e 3º turno, parou das 22h00 às 06h00 (150 tr). Os 200 da ala 3 pararam das 12h30 às 15h00.

Na quinta-feira, 23/06, os cerca de 350 trabalhadores do 3º turno realizam uma assembléia demorada que atrasou o início da produção em uma hora. Eles atuam nas alas 1 e 4 (armação), 13 (pintura) e 14 (montagem final e logística).

Na sexta-feira, 24/06, a representação sindical interditou duas prensas por falta de segurança, a montadora colocou parte dos 250 seguranças contratados após o início do movimento ao lado das máquinas, intimidando os trabalhadores a operar as máquinas que a própria fábrica desinterditou. Cerca de 150 trabalhadores pararam e foram para casa. Vários dirigentes foram suspensos e centenas de trabalhadores receberam carta de advertência.

Na segunda-feira, 27/6 cerca de 9 mil trabalhadores participaram da assembléia que decidiu aguardar até o dia 30. Com a assembléia bastante demorada, a produção da fábrica ficou parada por cerca de uma hora e meia.

No dia 27, os representantes registraram Boletim de Ocorrê