2. A expansão da luta operária

Com esse panorama, a classe trabalhadora começa suas lutas e organização aqui no Brasil. Surgem as primeiras associações e grupos de trabalhadores. A perseguição patronal era implacável, com a polícia às suas ordens sempre pronta para impedir as reuniões operárias. Operários estrangeiros que despontavam como líderes foram expulsos do País. A acusação era sempre a mesma de todos os países capitalistas: baderneiros, arruaceiros, agitadores e subversivos. Estes operários queriam, na verdade, subverter a ordem estabelecida pelos patrões.

Em 1906 acontece o 1º Congresso Operário Brasileiro no Rio de Janeiro, que significiou um passo enorme à organização operária. As decisões mais importantes referiam-se sobre jornada de trabalho:

1. Concentrar esforços em todo o País na luta pela redução da jornada para 8 horas diárias, sem diminuição do salário.

2. Fazer propaganda ativa entre os operários para que não aceitem o trabalho por peça ou por empreitada. Isto arruina a saúde do trabalhador, faz com que cada um procure ganhar mais dinheiro, prejudicando seus companheiros de ofício e porque esses sistemas são a grande barreira para a conquista das 8 horas de trabalho.

3. Dar preferência à luta pelas 8 horas de trabalho, em lugar da luta por aumento salarial.

A tese que os participantes daquele congresso defendiam era que, com a diminuição da jornada, os capitalistas teriam que empregar mais gente para manter a mesma produção ou aumentá-la. Assim, diminuiria o número de desempregados e aumentaria a procura por mão-de-obra, o que faria aumentar os salários necessariamente. Assim, lutar pela redução da jornada era lutar indiretamente pelo aumento salarial.

Neste congresso de 1906 ficou decidido que o 1º de Maio de 1907 seria o início da campanha pelas 8 horas.

Da greve de Chicago até o início dos anos 1900, o movimento operário cresceu significativamente. Dois anos depois da morte por enforcamento dos cinco operários norte- americanos, em 1889, o Congresso Socialista Internacional, realizado em Paris, adotou o 1º de Maio como Dia Internacional de luta dos trabalhadores, o que se transformou em resolução da II Internacional, no Congresso de 1893.

Dois anos depois, o Centro Socialista de Santos organizou uma das primeiras comemorações do 1º de Maio no Brasil.

Os operários entram no novo século ampliando suas organizações e a conscientização política. Em 1902, ocorre uma manifestação pública em 1º de Maio, até então comemorado em recintos fechados. A partir de 1903, o número de greves cresce e no 1º Congresso Operário, de 1906, no Rio de Janeiro, fica claro que a data não se trata de uma festa do trabalho, mas um protesto dos oprimidos e explorados, e que a origem histórica do 1º de Maio impede que a data seja mistificada por festas promovidas pelos interessados na resignação e imobilidade do proletariado.

Depois da II Internacional instituir o 1º de Maio, os patrões e o Estado não perderam tempo em tentar se apossar e subverter o conceito da data. O Partido Operário Socialista do Rio de Janeiro considerou a data “feriado” e “dia de festa”, conforme denunciaram os socialistas paulistas, acrescentando que os cariocas assimilaram os interesses patronais e afastaram do 1º de Maio sua origem histórica e seu significado de luta e de solidariedade internacional da classe trabalhadora contra a burguesia exploradora e repressora.

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