4. São Paulo é dos trabalhadores

A luta pela redução da jornada mantinha-se firme desde então. A mais importante e conhecida mobilização no período é a greve generalizada, ou geral, no Estado de São Paulo, em 1917. Os moradores e operários da cidade de São Paulo chegaram a tomar conta da cidade por três dias. Com início em uma fábrica, a greve chegou a paralisar 40 mil trabalhadores e se estendeu pelo interior, especialmente em Campinas e Santos. Um militante operário e historiador, Everardo Dias, descreveu assim aqueles dias:

“São Paulo é uma cidade morta: sua população está alarmada, os rostos denotam apreensão e pânico porque tudo está fechado(…) só circulam pelas ruas veículos militares, requisitados pela Cia. Antártica e demais indústrias, com tropas armadas de metralhadores e fuzis. Há ordem de atirar em quem ficar parado pelas ruas. Nos bairros fabris do Brás, Moóca, Barra Funda e Lapa sucedem-se tiroteios(…), em certas ruas já começaram a fazer barricadas e a polícia não se atreve a passar por lá, porque dos telhados e cantos partem tiros certeiros”.

O Comitê de Defesa do Proletariado fazia várias exigências ao patrão e ao governo:

1. liberdade para os militantes presos e que nenhum fosse demitido;
2. fim da exploração do trabalho de menores de 14 anos e fim do trabalho noturno para mulheres e menores de 18 anos;
3. 35% de aumento para os salários menores e 25% para os demais salários;
4. pagamento a cada 15 dias e estabilidade;
5. Jornada de trabalho de 8 horas e semana inglesa (com 36 horas de descanso consecutivas)
6. 50% de acréscimo às horas-extras.

A greve foi duramente reprimida pelo Exército e pela Polícia. De uma posição sempre intransigente, patrões se viram obrigados a ceder aumento, mas a jornada de 8 horas foi negada. Os patrões sabiam que o lucro dependia da quantidade de horas trabalhadas. Daí a oposição violenta à redução. 

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