Termina a greve na Volks

Cerca de 10 mil trabalhadores da Volks decidiram voltar ao trabalho, depois de assembléia realizada no pátio da fábrica hoje cedo.

Em assembléia realizada hoje, os trabalhadores da Volks decidiram encerrar a greve que começou no dia 28 (com a paralisação dos trabalhadores do segundo turno), após conhecer a decisão do Tribunal Regional do Trabalho.

Na última quinta-feira, o TRT determinou a antecipação da data base dos trabalhadores da montadora para outubro deste ano e setembro do ano que vem, a renovação das cláusulas sociais por dois anos, reajuste de 18,01% para quem ganha até R% 5.000,00 a partir de 1º de novembro – para quem ganha mais de R$ 5.000,00, os salários serão reajustados por um valor fixo correspondente a aplicação do reajuste ao teto. O valor referente ao reajuste do mês de outubro, que será pago em novembro na forma de abono, será de R$ 600,00 para todos os trabalhadores.

O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, José Lopez Feijóo, colocou três pontos em votação e todos foram aprovados por unanimidade:
1 – o retorno ao trabalho
2 – se os trabalhadores aceitam que o sindicato transforme a sentença em acordo evitando recurso ao TST preenchendo lacunas que possam existir em relação aos acordos negociados com as outras montadoras
3 – a negociação com a empresa quanto a compensação dos dias parados. Feijóo propôs compensar os dias de greve (7 para quem trabalha de dia e 8 para quem trabalha a noite) juntamente com a compensação de final de ano.

Após a aprovação em assembléia, Feijóo ligou para a direção da empresa e propôs negociar. Hoje, já ocorreu uma primeira conversa. A negociação continua amanhã de manhã.

Antes das votações, Feijóo disse que queria debater com os trabalhadores, um fato diferente que percebeu durante esta campanha salarial. “O sentimento de orgulho de ser um trabalhador da Volks foi substituído pela mágoa. Os trabalhadores demonstraram nesses dias de greve que o ressentimento dentro da fábrica é grande e está muito claro para nós do sindicato, mas parece que a direção da empresa não conseguiu enxergar. Nos últimos meses, desde que a VW carimbou os trabalhadores como excedentes, começou uma agonia entre os companheiros. E a Volks conseguiu produzir um fenômeno nunca visto aqui: companheiros que aderiram ao PDV se mobilizaram, fizeram passeata para ir embora logo. Não querem mais ficar na fábrica. Isso tudo se refletiu na campanha salarial. A Volks precisa aprender a ler este tipo de sentimento e mudar o comportamento para que os trabalhadores voltem a sentir orgulho de trabalhar aqui”.

Sobre o julgamento do dissídio Feijóo falou: “o TRT julgou o díssidio da Volks porque a montadora quis ficar sozinha quando deveria ser a primeira a buscar acordo, recuperar a imagem ruim que construiu nos últimos meses. Infelizmente, todos fizeram acordos, menos a Volks. A sentença só foi possível por causa dos acordos que já tínhamos construído com as outras montadoras. Ir ao Tribunal foi uma demonstração de intransigência da empresa. Disse na semana passada, depois do julgamento, e repito agora: eu preferia um acordo e ainda prefiro tornar a sentença um acordo para evitar que a empresa recorra ao TST. Além disso, tem pontos do acordo que precisamos melhorar. A compensação das horas paradas e a garantia de reposição do INPC para 2004 etc.”