Qualidade de quê? Parte II
Na semana passada, começamos a discutir as contradições entre o discurso pela qualidade de vida no trabalho e a prática de total descaso com a saúde e segurança das pessoas no trabalho.
Produzir mais e melhor é o que interessa. – Quando nos referimos ao descaso com a saúde e segurança das pessoas no trabalho não estamos exagerando. Alguma preocupação nesse sentido só existe no discurso. Basta uma exigência qualquer para produzir mais que a segurança é deixada em segundo plano. Avaliam os riscos e decidem sempre por arriscar a sorte. Só que a sorte que está em jogo é sempre a do trabalhador, que ainda leva a culpa da maioria dos acidentes.
Falta de sorte ou de juízo? – As estatísticas têm mostrado que não existe reza ou amuleto que resolva o caos em que se encontram as condições de trabalho, saúde e segurança na maioria das empresas. Acidentes graves se repetem semanalmente, doenças como as DORT acometem milhares de trabalhadores a cada ano, isso sem falar em estresse, depressão etc.
O trabalho está doente. – Doente de horas extras, de “domingão no maquinão”, de ritmo maluco, de falta de pausas e muita pressão. Tem que produzir mais, tem que produzir melhor, tem que produzir por dois ou três, tem que vestir a camisa, tem que se comprometer, tem que abrir mão da família e do lazer, tem que dar de si até a própria vida, se for o caso.
Queremos a nossa vida – Pra quem pensou que é possível ter qualidade de vida trabalhando cada vez mais, a conclusão deve ter sido fácil. Dispensamos até a qualidade que é só discurso para enganar a gente, mas queremos de volta a nossa vida. A vida digna de um trabalhador que vá e volte inteiro do trabalho e que tenha no resto do tempo que lhe sobra a energia e a alegria de ser feliz, de fazer o que gosta, com quem gosta e quando quer, porque gente é desse jeito
Comissão de Saúde, Condições de Trabalho e Meio Ambiente