O joio e o trigo

Oacordo do FGTS e as centrais sindicais

Vivo pregando neste espaço que você, leitor e leitora, precisa prestar atenção em quem fala em nome dos trabalhadores. No Brasil, hoje, temos várias centrais sindicais. Todas autênticas? A resposta está na ação concreta de cada uma, e não no discurso. A história do acordo assinado em torno do pagamento das diferenças do FGTS é bastante ilustrativa.

Aliadas ao governo e ao empresariado, centrais sindicais participaram inclusive de campanhas publicitárias com o objetivo de induzir os trabalhadores a aderir. E, agora, o que estamos vendo? Os mesmos sindicalistas que aconselharam você a assinar sua adesão ao acordo, estão dizendo que, em relação a seus créditos pessoais, não vão abrir mão de vantagens conseguidas na justiça. Ou seja, não vão aderir ao acordo, ou façam o que eu falo mas não façam o que eu faço.

É bom você prestar bem a atenção: a CUT, sempre denunciou este acordo como manobra para meter a mão no nosso bolso. Quem o defendeu e aprovou foi uma central
sindical fundada por iniciativa de Collor, com o dinheiro dos empresários, como mostraram os jornais.

Mas, muita gente achou que a denúncia da CUT era radicalismo. Não demorou e a verdade apareceu. E com trágica ironia: a vitória dos trabalhadores na justiça, divulgada na semana passada (julgada quando?), é de um sindicato filiado à Força Sindical, o dos metalúrgicos de Mogi.

Talvez uma tragédia, para quem já assinou a adesão ao acordo. Que sirva, pelo menos, para a gente aprender a separar o joio do trigo.

Luiz Marinho é Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, presidente de honra da Unisol-União e Solidariedade das Cooperativas do Estado de São Paulo e Coordenador do Mova Regional