Samba sindical
País do carnaval, nada melhor que um dia de carnaval para você entender o verdadeiro samba do crioulo doido que é a estrutura sindical brasileira.
País do carnaval, nada melhor que um dia de carnaval para você entender o verdadeiro samba do crioulo doido que é a estrutura sindical brasileira. A limpeza da Mercedes Benz, hoje DaimlerChrysler, em São Bernardo, é feita por uma empresa de terceiros, a Verzani. No início de fevereiro ela decidiu demitir 26 companheiros, alegando redução de custos. Estava armado o banzé! Cadê o sindicato para defender estes companheiros?
Lá na Mercedes há pelo menos duas dúzias de categorias profissionais além dos metalúrgicos, representados pelo nosso Sindicato. Cada uma delas com sindicato próprio e existência legal. Mas, na hora da luta, quem aparece? Como sempre, é o Sindicato dos Metalúrgicos, através da Comissão de Fábrica dos Trabalhadores da Mercedes. Por isto o Sindicato dos Metalúrgicos é a representação sindical de fato destes trabalhadores, mas não de direito.
A luta acabou com a reversão das demissões e abertura de negociações para tentar achar outro caminho para a terceira resolver seu problema de custos. O que sobra para nós deste exemplo é, mais uma vez, insistir na necessidade de, antes de mudar a legislação trabalhista, mudar a própria legislação sindical. Quem está falando em mudar o artigo 618 da CLT argumenta que o fortalecimento do sindicato é o objetivo de permitir que o negociado entre sindicato e empresa tenha mais valor que o previsto pela lei.
Se isto acontecer, sem que haja antes uma mudança na legislação sindical, quem vai perder serão os trabalhadores. Sindicatos pelegos e sindicatos fantasmas que existem por aí aos milhares vão realmente ganhar mais poder: o poder de vender direitos dos trabalhadores.
Só no país do carnaval uma discussão como esta pode ser levada a sério.