Cooperativismo no ABC

Esta semana o ABC está recebendo uma visita ilustre: Enrico Giusti, sindicalista da Iscos, uma ONG italiana, e membro da CISL, uma das centrais sindicais italianas. Mais que um irmão trabalhador europeu, Enrico é um parceiro dos mais importantes para os trabalhadores brasileiros. Com o apoio das demais centrais sindicais italianas, a CGL e a UIL, Enrico é um dos responsáveis pelo cooperativismo italiano. E não é pouca coisa. Na Itália, as cooperativas de produção já representam a terceira maior força produtiva do País. Reação ao desmonte neoliberal na Europa, o cooperativismo vem crescento também na Espanha e em outros países do Continente.

O contato com cidadãos como Enrico tem sido muito importante para a CUT. Em meio a desarticulação acelerada da economia brasileira, experiências cooperativadas como as dos trabalhadores italianos nos ajudam a continuar acreditando que nossa região e o Brasil ainda têm jeito. Nos ajudam ainda a continuar alimentando nossos sonhos de um País solidário e com justiça social. Sonho que nestes dias de domínio absoluto da ideologia de mercado tem sido identificado, por aqueles que acreditam no fim da história, como insanidade.

De qualquer forma, para o leitor e a leitora, cooperativismo é assunto familiar. Na região, há cooperativas tradicionais, como a Cooperwolks e a Cooper (antiga Cooperativa Rodhia). Há alguns anos, reagindo ao desmonte de muitas de nossas indústrias e ao desemprego consequente, o movimento sindical cutista começou a experimentar também aqui na região este novo tipo de organização do trabalho baseado no cooperativismo. O cooperativismo autêntico é da essência da ação solidária e é base da ação sindical.

Quem tem acompanhado na região o surgimento de várias cooperativas de produção na base metalúrgica pode perceber o potencial desta iniciativa. Grandes empresas, como a ex-Conforja, de Diadema, só sobreviveram graças à ação dos trabalhadores que acreditaram na sua capacidade de, solidariamente, gerenciar a indústria apesar das dificuldades conjunturais do mercado. O exemplo destes 400 trabalhadores que vem garantindo a operação dos fornos da ex-Conforja começa a dar resultados importantes.

No seu rastro, outras metalúrgicas, também em vias de fechar as portas, acabaram mantendo sua operação inventivando movimento na mesma direção em outros setores da economia, a exemplo de químicos e trabalhadores da tecelagem. Plastcooper, Cooperautex são razões sociais de coooperativas de outros segmentos que também passaram a frequentar o mesmo espaço de interesse da Uniwidia, Cooperfor, Cooperlafe, Coopertrat e outras iniciativas da área metalúrgica.

Uma encubadora de cooperativas organizada pela prefeitura de Santo André, a exemplo da USP, e iniciativas como a da Unisol-União e Solidariedade das Cooperativas do Estado de São Paulo, inspiradas na ação do nosso Sindicato são os principais resultados de todo este movimento. São experiências voltadas ao fomento e fortalecimento de um cooperativismo identificado com as atuais necessidades da região e do País. Dentro da Unisol já se organizam hoje cerca de 700 trabalhadores pertencentes a onze diferentes cooperativas.

Mas é bom você prestar atenção no assunto para poder distinguir entre estas cooperativas, que realmente merecem o seu apoio, daquelas que são verdadeiros casos de polícia. Aliás, nas próximas semanas, várias destas “coopergatos” incrustradas dentro de metalúrgicas da região estarão sendo alvo da ação do Ministério Público.

A idéia dos procuradores é combater a proliferação destes atravessadores de mão de obra organizados sob a razão social de cooperativas. São empresas “gato”, que servem a outras empresas para baratear folhas de pagamento penalizando trabalhadores que acabam ficando sem direitos como jornada legal, férias, décimo-terceiro, e outras condições mínimas de trabalho. Nosso Sindicato fez um mapeamento da existência das “coopergatos” e o en