Os portadores de deficiência no ABC
No Grande ABC, há cerca de 50.000 pessoas portadoras de deficiência, em idade economicamente ativa. Mas, apenas 5% delas, ou seja, perto de 2.500 estão empregadas. É um índice assombroso. Reflete a mesma falta de atenção do Governo Federal com as questões sociais, em particular, com a necessidade de políticas voltadas para a geração de emprego e renda, cuja ausência reflete-se em uma crise de desemprego a cada dia mais grave.
Sua gravidade, no entanto, não pode nos tornar insensíveis diante da realidade dos trabalhadores e trabalhadoras portadoras de deficiência. Na nossa base metalúrgica há muitos companheiros e companheiras, a exemplo de um membro da nossa Comissão de Fábrica na autopeças Kostal, um deficiente visual, que fazem de sua militância sindical exemplos de cidadania.
Companheiros como ele garantem que nosso Sindicato não fique cego diante do agravamento dos fatores que provocam a exclusão social de companheiros e companheiras portadores de deficiência. Para ajudar a enfrentar o problema, o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC está promovendo, no próximo dia 15 de junho (na rua João Basso, 231, Centro de São Bernardo), das 9 às 18 horas, o Seminário Regional Emprego, Renda e Capacitação Profissional para Pessoas com Deficiência. Com o apoio do Diário do Grande ABC, da Ciesp, da Central de Trabalho e Renda da CUT, vamos procurar discutir caminhos que possibilitem aumentar significativamente o percentual de ocupação deste segmento menos favorecido entre os trabalhadores.
O que pretendemos é firmar compromissos no sentido de garantir o acesso de todos os grupos sociais aos locais de trabalho. É preciso entender que o trabalho das pessoas com deficiência envolve condições bastante diversificadas exigindo a atenção e a responsabilidade dos atores sociais envolvidos.
Enquanto sindicalistas, precisamos exigir com o necessário rigor o cumprimento da legislação em vigor além de sugerir seu aperfeiçoamento e modernização. É preciso investir na mobilização e conscientização de trabalhadores e desempregados portadores de deficiência, procurando conhecer suas reais condições de vida.
É preciso discutir com o empresariado, sensibilizando-o para as necessárias modificações nos locais de trabalho, para o apoio a projetos que possibilitem o trabalho de pessoas diferentemente habilitadas, para romper com preconceitos que deturpam a imagem do trabalhador com deficiência, fazendo destes ora super eficientes, ora inadequados para o mundo do trabalho.
Com o seminário também pretendemos discutir o papel do poder público nesta questão. Para nós, todas a iniciativas visando resolver o problema dependem da ação governamental. Sem a aplicação e fiscalização das leis, sem investimento no transporte coletivo, na educação, na reabilitação, na capacitação profissional, na adequação urbana, não haverá condições objetivas de ingresso das pessoas com deficiência no mundo do trabalho, e a conseqüente possibilidade do pleno exercício da cidadania.
Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC
e Coordenador do Mova Regional