O ABC e o Centro de reciclagem de veículos
O ABC deverá abrigar um dos centros de reciclagem que estão sendo implantados no Brasil. Esta é uma das conclusôes do Seminário de Renovação e Reciclagem da Frota, promovido na última segunda-feira pelo nosso Sindicato, com o apoio do Diário do Grande ABC, juntamente com o Governo do Estado de SP, ANFAVEA e Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo. Também apoiaram o evento a Câmara Regional do ABC, a FIESP e diversas entidades.
O seminário atingiu seus objetivos. O principal deles foi mostrar ao Governo Federal o amplo apoio que o projeto recebe dos mais distintos segmentos sociais e econômicos. Infelizmente, contudo, o Governo continua um “zero à direita” no que se refere à implementação de políticas de desenvolvimento no país. Preso aos acordos do FMI, agarra-se no argumento de uma falaciosa renúncia fiscal do Programa. Isto, apesar de nossos estudos demonstrarem claramente que haverá ganhos de arrecadação.
Fomos levados a estabelecer prazo para o Governo tomar uma decisão: até o final deste mês. Caso isto não aconteça, vamos às mobilizações nas fábricas e ruas. Além do emprego, vamos exigir que o Programa seja executado por seus efeitos positivos na segurança veicular, economia de combustível, fluidez do trânsito e por serem menos poluentes.
O seminário debateu também a questão da reciclagem veicular, que é o “coração” do Programa. A ANFAVEA prevê que, nos primeiros anos, deverão ser criados de 3 a 6 centros de reciclagem no país, que começarão reciclando entre 100 mil e 150 mil veículos anuais. No que se refere ao processo em si da reciclagem, estão previstas diversas fases: uma de despoluição dos veículos (retirada da bateria, óleos de motor e câmbio, diferencial, freio e amortecedores, graxas, filtros etc); outra fase seria a de reciclagem de materiais (retirada e reaproveitamento de tecidos, espumas, vidros, plásticos, borrachas); e por fim a parte metálica, a maior parte da qual matéria-prima para reaproveitamento na indústria siderúrgica.
Um dos painéis do seminário, que contou com a presença do Sr. Antonio Ermírio de Moraes (Grupo Votorantim), discutiu a possível localização do centro de reciclagem na região do ABC. O Sr. Fernando Longo, secretário de Desenvolvimento, do município de São Bernardo, mostrou o estágio avançado das negociações para a viabilização do investimento na região. Do meu lado, busquei enfatizar a importância do ABC como região estratégica para a realização dos investimentos.
Mostrei a pujança da região: PIB anual de cerca de R$ 27 bilhões; PIB per capita de R$ 12.550,00; 3ª maior região consumidora do país (só está atrás de SP e RJ); possui um enorme setor metal-mecânico e químico-petroquímico; um dos maiores pólos moveleiros do país. Procurei evidenciar a rica experiência institucional, até certo ponto inédita, de nossa região, que inclui a formação do Consórcio Intermunicipal, o Fórum da Cidadania, o Subcomitê de Bacias Billings-Tamanduateí e a Câmara Regional. Destacamos os mais de 30 acordos assinados pela Câmara, entre os quais a criação da Agência de Desenvolvimento Econômico, o plano de macrodrenagem, o desenvolvimento do turismo, a melhoria da malha viária, o Rodoanel e o 2 Mova.
Adicionalmente, trata-se de uma região que, a despeito da queda de participação relativa no total da produção nacional de veículos, tem visto crescer, ano após ano, a produção e a produtividade em suas plantas automotivas: de 404 mil veículos produzidos no ABC em 1992, passamos para 486,6 mil em 1993, 567,2 mil em 1994, 594,2 mil em 1995, 606,8 mil em 1996, e 641,9 mil em 1997. A produtividade dobrou no período.
Por fim, sintetizamos 12 razões que nos parecem suficientes para a constituição de um centro de reciclagem no ABC:
1) larga cultura automotiva na região;
2) proximidade das 7 montadoras instaladas na região;
3) localização estratégica para a recepção das frotas de SP (5 milhões de veícu