"O dia sem carros"

O governo francês organizou nesta semana um movimento denominado de “na cidade, sem meu carro?”. O objetivo foi alertar a população para os efeitos da crescente poluição dos veículos a gasolina e a diesel, e em defesa do transporte coletivo e dos meios alternativos. Em 66 cidades francesas, os veículos foram proibidos de circular em determinadas áreas. A exceção só foi aberta para os veículos de transporte de deficientes, de emergência, motocicletas, táxis e os veículos a motores elétricos e a gás natural.
Em sua publicação “Renovação e Reciclagem da Frota de Veículos”, nosso Sindicato discutiu essa preocupação com relação ao crescimento da frota de veículos e os efeitos na poluição ambiental. Alguns trechos do estudo: “Havia, em 1995, quase 648 milhões de veículos circulando em todo o mundo (mais de 75% dos quais nos países desenvolvidos). Este já elevado número de veículos que compõem a frota mundial torna-se ainda mais preocupante quando se sabe que a frota mundial projetada para daqui a dezesseis anos é de um bilhão de veículos!”
Estudo da FITIM, de 1990, mostrou que os veículos representavam 70% do total de monóxido de carbono, 28% no caso dos hidrocarbonos e 34% os óxidos de nitrogênio. O excesso desses gases causa tonturas, vertigens, alterações no sistema nervoso, irritação nos olhos, nariz, pele entre tantos outros males. Mas os efeitos da emissão de gases nocivos vão além: eliminação da flora, destruição gradativa da camada de ozônio e aumento da temperatura do globo terrestre”. Além do excessivo volume de poluentes, a crescente expansão da frota circulante provoca” os congestionamentos urbanos, a redução da velocidade média e o elevado consumo de combustíveis”.
No Brasil, a única medida adotada até o momento para reduzir a poluição gerada pelos veículos tem sido o rodízio. Contudo, no estudo já afirmávamos: “convém atentar para o caráter limitado do rodízio, se outras medidas não forem adotadas – como os incentivos à renovação da frota, o estímulo às formas alternativas de transporte (…), a melhoria do transporte público, a inspeção veicular, o investimento em novas formas de energias como os motores elétricos e a implantação de programas de educação ambiental…”.
Pode-se facilmente ver que nenhuma dessas outras medidas adicionais foi de fato implementada. O caso da renovação da frota é típico. O governo FHC emperra as negociações com o argumento de preocupações quanto aos “efeitos fiscais” do Plano (embora, com o crescimento previsto das vendas, a arrecadação pode até crescer).
Moral da história: FHC admira muito viajar para a França, mas parece que nada aprendeu com os franceses quanto à forma de governar com responsabilidade.