Um mês de Central
Há um mês inauguramos aqui no ABC, com sede em Santo André, a nossa Central de Trabalho e Renda. Iniciativa da CUT, em parceria com a Prefeitura de Santo André, com o FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador), e com a Secretaria de Relações do Trabalho de São Paulo a Central pretende contribuir com o combate ao desemprego. Um problema que, apenas no Grande ABC, representa um contingente em torno de 270 mil trabalhadores. O leitor conhece nossa preocupação com o assunto e sabe que não é possível ficar de braços cruzados apenas protestando para que o governo federal tenha sensibilidade diante do drama dos milhões de cidadãos vitimas do desemprego.
Naturalmente a Central não vai resolver o problema. A economia continua desaquecida, os juros continuam elevados, empresas continuam reestruturando métodos e processos, praticando a guerra fiscal entre municípios, sempre objetivando reduzir custos, inclusive o da folha de pagamentos. O resultado, o leitor vê todos os dias estampado nas páginas dos jornais. Mas são iniciativas como esta que, apesar de seu alcance limitado, nos permitem pelo menos conhecer o problema em toda sua profundidade. E não como uma atitude passiva, acadêmica, mas como ponto de partida para encontrarmos um caminho efetivo na luta contra o desemprego.
Os números e as informações resultado deste primeiro mês de funcionamento da nossa Central – ainda que precários – são bastantes para permitir-nos visualizar um pouco mais a complexidade do drama social que vivemos. A Central, sediada no centro de Santo André (Av. Artur de Queiroz, 720) coloca à disposição do desempregado 62 atendentes operando para atendimento ao público das 7h às 18h. Apesar de sua capacidade para atender cerca de 1300 trabalhadores, neste primeiro mês de funcionamento a média de atendimento não ultrapassou 500 atendimentos dia. No total foram atendidas perto de 12 mil trabalhadores.
É um número polpudo, mas aquém do que seria de esperar diante da população desempregada da região. Entre as possíveis razões para a baixa procura, sem dúvida, a mais destacável é a falta de conhecimento público da existência da Central. Os que lá estiveram, na sua quase totalidade, tomaram conhecimento da Central a partir da informação dos amigos e conhecidos. Ou seja, para que a Central cumpra efetivamente seu papel será preciso ainda um grande esforço da comunidade no sentido de divulgar sua existência. A exclusão social é um fenômeno que atinge o desempregado até mesmo no acesso à informação.
O número de vagas ofertadas, por outro lado, também é pequeno. Neste primeiro mês as empresas disponibilizaram apenas 900 postos de trabalho, principalmente no setor de serviços. O leitor pode imaginar que, diante de um cadastramento relativamente pequeno de desempregados, a Central não conseguiu encaminhar às empresas mais que metade de sua demanda por candidatos a estas vagas.
O perfil dos desempregados que procuraram a Central e das vagas que foram oferecidas durante o mês são informações que, acumuladas em períodos maiores vão permitir um aprofundamento mais rigoroso das condições do mercado de trabalho e das alternativas de políticas públicas para enfrentar o desemprego. Vão também orientar um projeto paralelo que vem sendo implementado pela Central com o objetivo de fornecer aos desempregados qualificação profissional e reorientação para o trabalho, de maneira integrada e articulada, visando sempre o fortalecimento da cidadania do trabalhador.
Mas para isso será preciso que os atores sociais, autoridades públicas, empresários, sindicatos cumpram seu papel no sentido de dar um efetivo apoio ao funcionamento da Central. Você, leitor, certamente pode também contribuir ajudando-nos a divulgar a iniciativa e acompanhando as dicussões que serão feitas a partir da operação da nossa Central.
Iniciativas como a de hoje, quando empresários estarão reunidos com os coordenadores da Central para discutir a ex