Construção civil não oferece segurança e desgaste é “violento”
A morte de um operário em um prédio em construção na Baixada Santista, em São Paulo, e o desabamento de um edifício na cidade de Belém (PA), na última semana, lançaram um alerta sobre as condições de trabalho na construção civil. A legislação exige a presença de um técnico de segurança somente em obras que possuem mais de 100 funcionários. No entanto, o sindicalista Luiz Carlos de Andrade lembra que as construtoras devem oferecer treinamento individual para cada trabalhador.
“Em um prédio de 14 andares, a empresa deveria disponibilizar uma equipe média que medisse a pressão arterial do trabalhador antes de ele subir no prédio. Outra coisa, o sujeito precisa descer da 14ª laje para tomar água no térreo – e ainda água de torneira. E quando trabalha por tarefa, o cara trabalha por cinco pessoas. Ele até ganha um salário bom, mas em contrapartida o desgaste é violento.”
Ainda segundo Andrade, o número de auditores fiscais do trabalho é insuficiente, o que expõe os trabalhadores a situações de risco, sobretudo nas reformas de prédios e estabelecimentos comerciais fora do horário de expediente.
“Durante o dia, no horário administrativo, está todo o aparato: chefe, responsável de cada setor. Mas à noite e no final de semana, fica ‘a Deus dará’. É ali que mora o perigo.”
Estimativas da Organização Internacional do Trabalho (OIT) apontam que cinco mil trabalhadores morrem diariamente, em todo o mundo, devido a acidentes ou doenças ocupacionais. Neste ano, dois trabalhadores brasileiros já morreram na construção civil – setor que registra os maiores índices. Em breve, a categoria apresentará aos parlamentares brasileiros uma sugestão de Projeto de Lei que destina 2% dos recursos das grandes obras para a capacitação profissional e programas de prevenção de acidentes.
Da Radioagência NP