Justiça para todos

O princípio constitucional de que todos são iguais perante a lei, independente de sexo, raça, cor, credo religioso etc., infelizmente está longe de ser aplicado no Brasil, principalmente quando comparamos a situação financeira e social das pessoas.

Na manhã da última segunda-feira, 28 de agosto, a rádio CBN noticiou o drama de dois rapazes presos desde a noite de 9 de dezembro do ano passado, acusados injustamente de roubo de um veículo. A polícia foi acionada pela proprietária do veículo logo após o crime, efetuou buscas nas imediações (o fato ocorreu na zona leste de São Paulo), localizou e perseguiu o veículo roubado, o qual foi abandonado pelos ladrões próximo a uma escola. Eram mais ou menos dez horas da noite.

Os dois rapazes que estão presos saíam da escola naquele instante e, ao perceberem tiros disparados pelos criminosos, correram pensando que eram o alvo de bandidos, sem perceberem a presença da polícia. Foram presos e acusados por um delito que não cometeram.

Pior: como são pessoas simples, pobres, com fisionomia e trajes parecidos com os de criminosos comuns da periferia da capital, foram reconhecidos pela proprietária do veículo roubado como sendo os autores do delito. Autuados em flagrante, encontram-se presos até hoje, em celas superlotadas, ao lado de bandidos profissionais, aguardando julgamento.

Somente agora o defensor público (advogado designado pelo Estado para defendê-los) colheu provas sobre a inocência de ambos: registro de presença na escola e prova escolar assinada que eles fizeram naquele mesmo dia.

Enquanto isso, um assassino confesso da ex-namorada, com a permissão do Poder Judiciário, encontra-se internado numa clínica psiquiátrica particular, tentando passar a imagem de bonzinho, acusando a verdadeira vítima de traição pessoal e profissional. Mas ele não é um cidadão comum, como os dois rapazes da zona leste. É um renomado jornalista, diretor de um dos maiores veículos de comunicação do País.

E ainda tem gente que defende pena de morte no Brasil. Para quê? Para eliminar os cidadãos comuns e tapar os olhos para os poderosos?