Fgts: mais uma farsa do governo federal
A máscara do governo FHC, mais uma vez, parece que está caindo. Depois do próprio presidente da República usar a grande imprensa, às vésperas do primeiro turno eleitoral, para afirmar que acataria a decisão do Supremo Tribunal Federal e determinaria um estudo para o pagamento das diferenças do FGTS, oriundas dos planos “Verão” e “Collor I”, o que estamos assistindo é a total omissão e falta de vontade política da equipe governamental, chefiada pelo ministro do Trabalho, Francisco Dornelles.
A sensação que estamos tendo é que os trabalhadores brasileiros foram enganados pelo discurso de FHC, o qual tinha o claro objetivo de conquistar votos para os candidatos palacianos.
Primeiro, várias desculpas foram dadas logo após o primeiro turno, para retardar o início das reuniões entre governo e centrais sindicais: aguardar a publicação do acórdão (decisão) do STF, elaboração de estudo da equipe econômica, etc.
Mas, depois do segundo turno, e da vitória contundente do PT nas principais cidades brasileiras, o argumento mudou totalmente: o governo federal jogou a responsabilidade para os trabalhadores em encontrar uma solução para custear o pagamento das diferenças de FGTS.
O absurdo maior, porém, é a argumentação de que as diferenças reconhecidas pela justiça brasileira terão que ser cobertas com os recursos do próprio FGTS. É como se o seu banco tivesse deixado de aplicar determinado índice em seus depósitos de conta poupança e, após determinação judicial para aplicação daquele índice, o banco utilizasse dinheiro da sua própria poupança para quitar o débito.
Ora, quem deu causa à defasagem do FGTS foi o próprio governo federal, através de seus desastrosos planos econômicos, independente de quem fosse o presidente da República à época. Deveria, portanto, o governo FHC ter a responsabilidade de reconhecer a dívida com os trabalhadores brasileiros, procurando saldá-la.
O pior é que a Força Sindical está acreditando nesse discurso inconsequente do governo FHC, chegando a aceitar formas mirabolantes de quitação dessa dívida (títulos públicos, bônus do tesouro nacional, ações de estatais, etc.). Nós, da CUT, ao contrário, exigimos o pagamento em dinheiro daquilo que a justiça já reconheceu como direito dos trabalhadores.