Quem faz o que quer também ouve o que não quer
Esperava-se muitas novidades na posse do novo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Marco Aurélio de Mello. A começar pelo discurso do empossado, o juiz que mais contrariou o governo, e seus pares, nos últimos anos, passando pela expectativa de presença dos ex-presidentes da República, Fernando Collor (primo do Ministro Marco Aurélio) e Itamar Franco.
Mas quem roubou a festa foi o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Rubens Approbatto Machado, que questionou diretamente o presidente Fernando Henrique Cardoso quanto ao uso abusivo de medidas provisórias, comprometendo a governabilidade do País.
Como o presidente da República não iria discursar, já que o protocolo apenas permitia as falas dos representantes do Judiciário, do Ministério Público Federal e da OAB, FHC teve que ouvir calado as verdades ditas pelo representante da OAB.
Presidente do apagão – As últimas pesquisas de opinião pública têm trazido resultados alarmantes para o governo federal. A popularidade de FHC despencou, face as trapalhadas do racionamento de energia elétrica, ainda que o presidente tenha anunciado na última segunda-feira mais alterações na medida provisória (olha ela aí de novo) que criou a famigerada Comissão de Gestão da Crise Energética.
Na verdade, as alterações ocorreram não pelo fato de que a sociedade esteja colaborando, mas sim porque as ilegalidades cometidas seriam, certamente, derrubadas pelo Judiciário brasileiro, como por exemplo a tentativa de impedir a utilização do Código de Defesa do Consumidor, o que aumentaria ainda mais o descontentamento geral.
Cada atitude governamental tem se mostrado mais desastrosa do que nunca. Pelo andar da carruagem o presidente FHC vai passar para a história brasileira como o presidente do apagão. Que triste fim!