O país da insegurança

Ainda sob o impacto da tragédia que abateu toda a cidade de Santo André, temos assistido, desde a data do crime, inúmeros desacertos das polícias civil e militar, julgamentos precipitados da grande imprensa, fatores esses que trazem reflexos para o período eleitoral que já se inicia e aumentam o sentimento de insegurança entre a população em geral.

Muito já foi dito sobre o problema da segurança pública neste País, sobre a prevalência da impunidade, sobre a necessidade urgente de mudanças na legislação penal etc. A revista VEJA da semana passada trouxe uma longa reportagem sobre o assunto do momento. Primeiro, ressaltou o jogo do empurra-empurra, praticado entre o governo federal, os governos estaduais, o congresso nacional, as polícias e o poder judiciário, todos tentando se eximir de responsabilidade.

Tolerância zero – Em seguida, relatou o sucesso da experiência vivida pela cidade de Nova York, que adotou a chamada política de tolerância zero, que levou a uma drástica redução na criminalidade, num espaço de menos de quatro anos. Por fim, mostrou a banalização do crime organizado no Brasil, praticado diariamente sem quaisquer constrangimentos, já que a impunidade é a tônica por aqui. Só na semana passada, como exemplo, tivemos um sequestro à cavalo e à pé (cujo resgate chegou a ser uma televisão usada), e assistimos a uma entrevista coletiva de um criminoso recapturado, que zombou do sistema prisional, dos jornalistas presentes e da sociedade, mesmo que indiretamente, como se fosse um artista de novela.

Sabemos que não será a experiência de outras regiões, isoladamente, que nos indicará o caminho certo. Temos que encontrar nossas próprias soluções. Mas algumas medidas haverão de ser tomadas o mais rápido possível: unificação das polícias civil e militar, combate à corrupção na corporação, remuneração digna com a função, desburocratizar a ação policial, desarmar a população, aplicar melhor os recursos disponíveis, montar um banco de dados, melhor treinamento para os policiais e, principalmente, revisar as penas e os procedimentos penais. Com vontade política se faz.