Industrialização e classe operária no ABC
O processo de industrialização impulsionado pelo governo JK nos anos 50 implantou a indústria automobilística na região. As montadoras aproveitaram-se da estratégica localização do ABC, situado entre o porto de Santos e os principais mercados consumidores do País, e de sua moderna infra-estrutura. Seguindo o modelo das matrizes, ergueram enormes unidades de produção voltadas para a produção em massa, concentrando dentro de seus muros um imenso contigente de operários.
A relativa estabilidade dos anos cinqüenta foi alterada no início da década seguinte, com recessão e inflação, gerando a insatisfação e desencadeando a mobilização popular, que pedia uma correção de rumo no modelo de desenvolvimento em curso, através das reformas de base. A resposta dos setores reacionários veio através de uma estratégia de desestabilização do governo João Goulart, culminando com o golpe militar de 1964.
Luta – A resistência silenciosa no interior das fábricas, devido à forte repressão política assumiu a forma de movimentos mais amplos, no final da década de 70, contra a intensa exploração do trabalho e contra o regime político que a sustentava. A origem do novo sindicalis-mo confunde-se com as lutas históricas dos metalúrgicos do ABC. Suas reivindicações por liberdade e autonomia sindical e pela democratização da sociedade tornaram-se consignas dos movimentos e das forças políticas que derrubaram a ditadura militar e restituíram ao País a ordem democrática.
Novas lutas tiveram lugar nos anos que se seguiram, desta vez pela criação do PT e da CUT, pela Constituinte, por um representante das forças populares na presidência da República, pelo impeachement do Collor, pela Câmara Setorial, pelo contrato coletivo de trabalho, pelo emprego, pela comissão de fábrica e, mais recentemente, pelo comitê sindical de empresa e pela influência dos operários nas mudanças em curso no chão de fábrica. As duas pontas desse “fio da meada” se juntam num único processo, o da formação da classe operária no ABC. No horizonte, dando alento às lutas do presente, continua o sonho utópico de que uma outra sociedade é possível.