Anos 90: desemprego e precarização do trabalho

No artigo anterior desta coluna mostramos como as lutas sociais pela democratização do País nos anos 80 impediram que o governo adotasse as políticas neoliberais recomendadas para os países em desenvolvimento. Apesar da crise econômica, das taxas altíssimas de inflação, foi preservado nosso parque industrial e o desemprego não aumentou significativamente, a não ser nos períodos recessivos.

Esse quadro se alterou substancialmente nos anos 90. O desemprego tornou-se um fenômeno de massa. Transformou-se num problema estrutural, cuja reversão é muito mais complexa. Além disso, mudanças significativas aconteceram no mundo do trabalho, ao lado de medidas adotadas no governo FHC, cujo resultado tem sido a crescente precarização do trabalho.

Essas medidas somaram-se à ação agressiva dos empresários pela eliminação das conquistas dos trabalhadores. O resultado desses processos tem sido a desestruturação do mercado de trabalho e a crescente precarização das relações de trabalho. Caiu o número de trabalhadores com carteira assinada e sem perspectiva de aposentadoria. Diminuiu a participação do salário na renda nacional. No setor industrial essa queda atingiu o patamar de 25% , entre 1995 e 2000. Do ponto de vista da oferta de emprego, entre os setores que mais cresceram destacam-se aqueles caracterizados pela baixa qualificação e por condições precárias de trabalho, como o emprego doméstico.

Este cenário tornou muito mais difícil e complexa a ação sindical. Em regiões onde é forte a tradição de luta operária, como no ABC, os metalúrgicos enfrentam esses novos desafios combinando a ação no interior das fábricas para preservar e melhorar o emprego com iniciativas, junto com outras forças progressistas da sociedade, visando promover o crescimento econômico, dinamizar a indústria automobilística, estimular o desenvolvimento regional e mudar o atual modelo de desenvolvimento.