A origem do racismo
O preconceito é tão antigo quanto a humanidade, mas o racismo parece não ter mais que 500 anos. “Antes disso, a discriminação era feita em relação à cultura e ao diferente”, diz o antropólogo Kabengele Munanga. Os gregos chamavam de “bárbaro” qualquer pessoa que não falasse sua língua, mas quem aprendesse não teria complicações.
O problema começa a mudar no final do século XV, quando a Inquisição espanhola obriga os judeus a se converterem para o catolicismo. Muitos desses cristãos-novos continuam a praticar os seus ritos, o que leva os católicos a acreditar que havia algo no sangue do judeu que impedia sua conversão.
A solução era evitar a miscigenação para que esse sangue não se espalhasse pela população. Na mesma época, os europeus chegam à África e à América e encontram um tipo de ser humano completamente diferente daqueles que conheciam. O encontro trouxe novos dilemas. Os teólogos da época discutiam se os índios tinham alma. Eles também chegaram à conclusão de que escravizar africanos era natural, com base na passagem bíblica em que Canaã, filho de Noé, embriaga-se e é condenado à servidão.
A partir do século XVIII e principalmente no século XIX, as explicações bíblicas dão lugar a argumentos científicos. Os pesquisadores associavam traços físicos de cada raça a atributos morais. Em 1855, o conde francês Joseph Arthur Gobineau concluiu que a miscigenação causa a decadência dos povos e que os alemães eram uma raça superior às outras.
Departamento de Formação
Excerto do texto “Vencendo na Raça” de autoria
de Rafael Kenski, publicado na revista Super Interessante (on line) em 03/05/2003