5 %

Curiosamente, este é o número que diversas empresas, de diferentes setores, estão dispostas a conceder de reajuste aos seus trabalhadores. Fiat, Petrobrás, Perdigão, Bradesco são alguns bons exemplos.

Mas de onde saiu este percentual? Da inflação não é. Pois todos os índices de inflação acumulada para o período recente estão superiores a 5%. Nos últimos 12 meses, o ICV do Dieese está próximo de 10%.

Talvez, devêssemos buscar a explicação dos 5% nos documentos dos acordos entre o governo brasileiro e o FMI. Pois a meta de inflação ali acordada para este ano é de 6%, e, para o ano que vem, 4%. Mas, se for isto mesmo, por que só os trabalhadores são obrigados a se encaixar nas regras do mencionado acordo?

Não há evidências de qualquer recomendação do governo para que os empresários não subam seus preços além de 5% neste ano. Pelo contrário, as tarifas públicas e os vários produtos e serviços ofertados pelo setor privado seguem, pouco a pouco, sendo reajustados e podem acelerar com o recente aumento do dólar.

Convém notar ainda que, de modo geral, isto é, considerando-se diversas categorias profissionais, os reajustes salariais têm sido sistematicamente inferiores ao ICV : 84% dos reajustes salariais foram abaixo do ICV em 1996; 79%, em 1997; 26% em 1998; e 50%, em 1999.

Portanto, há uma clara perda salarial dos trabalhadores assalariados nos últimos anos. Segundo o IBGE, a parcela do total dos salários na renda nacional em 1998 foi equivalente a 37%, que é inferior ao alcançado em 1993, 39%. Por outro lado, os ganhos das empresas, também chamados de ‘ganhos do capital’, passaram de 37% em 1993 para 43% em 1998.

É neste contexto mais amplo, da disputa pela preservação e recuperação das já baixas fatias dos trabalhadores no bolo da renda nacional, que se trava a atual luta da categoria para a recuperação de perdas salariais.