Século XXI: realidade de séculos anteriores
Hoje comemoramos o Dia Internacional da Mulher, o primeiro do novo milênio. Se fizermos uma retrospectiva sobre o século passado, veremos que as conquistas de direitos foram extremamente marcantes. Poderíamos citar dezenas de conquistas, mudanças e evoluções. Poderíamos escrever sobre a conquista do direito ao voto e mais ainda, a possibilidade de serem eleitas para cargos públicos. Poderíamos escrever que as mulheres continuam ampliando sua inserção no mercado de trabalho, assumindo agora cargos de comando. Poderíamos destacar tantas vitórias…
Mas como podemos comemorar esta data se entramos no século XXI com realidade de dados que nos remetem a séculos anteriores. Mulheres ainda morrem ao dar a luz, apanham dos companheiros, recebem salários menores. Segundo dados do Comitê Latino-Americano e do Caribe para a Defesa dos Direitos da Mulher, mundialmente um em cada cinco dias de falta ao trabalho é decorrente da violência sofrida por mulheres em suas casas.
No Brasil, a cada quatro minutos, uma mulher é agredida em seu próprio lar. As estatísticas demonstram que 70% dos incidentes são dentro de casa e o agressor é o marido ou companheiro; mais de 40% das violências resultam em lesões corporais graves. É uma realidade extremamente dura.
Sem mencionarmos as atrocidades que acontecem no dia-a-dia com mulheres pelo mundo afora, ou ainda, as novas músicas de ritmo funk que transformam as mulheres em objetos sexuais, banalizando sua imagem.
Há muito para se comemorar, mas há muito por fazer. Enquanto a sociedade não demonstrar seu respeito à parcela da população que hoje representa a maioria, nada mudará. Corremos o risco de ver os direitos conquistados às duras penas fazerem parte de um passado distante. Há muito que caminhar e lutar.