Ainda as mulheres

Não basta utilizar somente o dia 8 de março para lembrar a luta e a organização das mulheres, comemorando suas vitórias e os espaços conquistados na sociedade. Esse sentimento de luta deve ser permanente em nossas mentes. Não se pode desconsiderar que a discriminação continua presente, inclusive no mercado de trabalho.

O DIEESE divulgou, neste mês, um estudo que traz algumas estatísticas importantes com relação ao mercado de trabalho feminino, e que merece especial atenção. As trabalhadoras brasileiras estão cada vez mais participando do mercado de trabalho total. Em 1980, as mulheres correspondiam a 31,3% da PEA (População Economicamente Ativa), enquanto em 1990 o percentual passou para 35,5%, e hoje já são 41,4%. São 32,8 milhões de mulheres que estão inseridas nos diversos setores de atividade econômica. Contudo, a estrutura de trabalho é bem diferente entre homens e mulheres: cerca de 20% das trabalhadoras estão ocupadas em atividades agrícolas, 29% na prestação de serviços, e apenas 9% no setor industrial. Isto contrasta com os 27% destinados ao homem, neste último segmento.

Note-se ainda que 69% das mulheres que trabalham na indústria não recebem mais do que três salários mínimos. No caso dos homens, apenas 45% estão nesta faixa de rendimentos.

A desigualdade de gênero existe também entre regiões. Em Belo Horizonte e São Paulo, por exemplo, a renda das mulheres corresponde a 61% e 62% da renda masculina, respectivamente. A menor distorção encontra-se em Porto Alegre, onde as mulheres possuem rendimentos de 70% em relação ao masculino.

Uma grande parcela de trabalhadoras exerce suas atividades com vínculos empregatícios frágeis ou inexistentes, e sem benefícios sociais. Isto é preocupante, na medida em que se sabe que a cada dia que passa mais mulheres assumem a responsabilidade econômica de seus lares.

É preciso entender que a diminuição destas diferenças depende de permanente organização, que deve acontecer de forma coletiva nos sindicatos, nas associações, na comunidade. Discutir a melhoria das condições de trabalho da mulher significa distribuir melhor a renda nacional e reduzir a pobreza das famílias brasileiras.