O analfabetismo e a informática

O avanço da tecnologia, principalmente da informática, tem provocado reflexos cada vez mais freqüentes na vida cotidiana, reflexos esses nem sempre positivos. A internet, por exemplo, que poderia representar uma grande oportunidade de democratização da informação e conseqüentemente de inclusão social, tem se configurado como mais uma barreira para a grande maioria já marginalizada.

O mercado de trabalho se sofisticou. O diploma universitário passou a ser requisito para operários e a informática está delimitando as novas fronteiras do analfabetismo. A informática na verdade tem sido uma nova forma de segregação, reforçando e ampliando a já existente.

Grande parcela da população brasileira não tem acesso a computadores. Segundo pesquisa realizada pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais) divulgada pela Folha de S. Paulo (08/2001), apenas 6,6% da população brasileira tem acesso à internet. Dos 167,7 milhões de habitantes (Censo/2000), somente 11 milhões são internautas.

O Grande ABC tem uma situação bastante delicada. De acordo com dados divulgados pelo Diário do Grande ABC (04/2001), apenas 2% da população de baixa renda da região já teve algum dia contato com a informática ou a internet. Nas regiões periféricas das cidades, muitos jovens sequer já tiveram contato com um computador. É uma realidade extremamente dura para um país que se diz em desenvolvimento.

Enquanto a educação não for prioridade nacional, o Brasil sempre correrá atrás de prejuízos; e são pelo menos duas décadas de atraso em relação a países que não conseguem mais imaginar a vida sem a modernidade do computador. Não basta querer resolver o problema da educação digital apenas levando computadores às escolas, pois o maior obstáculo não é somente o acesso a máquinas, mas a formação do professor, capaz de transformar a rede em material pedagógico.