Pierino Massenzi: Italiano registra o caos brasileiro

Há dez anos Pierino Massenzi cansou de “sujar papel” com a pintura que fazia e decidiu navegar contra a corrente. Passou a registrar o que sua consciência manda e não o que as acomodadas artes plásticas brasileiras não têm coragem de mostrar. Ele define o resultado como pintura social, na qual é também retratada a luta dos trabalhadores. Em sua produção convivem lado a lado a exploração sexual da infância e o luxo; o viaduto moderno e a população miserável que mora embaixo; a favela construída com placas de propaganda da Volks-wagen; e outras telas com temas semelhantes.

“Meus quadros nunca serão pendurados em uma sala de visitas”, diz Massenzi. Exatamente por não repetir o universo feliz ou abstrato – mas sempre alienado – do mundo artístico brasileiro, Massenzi é marginalizado do mercado da pintura. Seus trabalhos não são expostas nas bienais, galerias ou mostras oficiais. “Eu não ligo”, garante. “Minha intenção é fazer o público pensar, não é agradar o soçaite ou a crítica acomodada”, afirma. “Pinto para desabafar a revolta que sinto. Por isso minha obra não é vendida aqui, mas bastante apreciada no exterior”, conclui o artista.